quinta-feira, junho 30, 2016

Indecisão

Indecisão é algo destrutivo.
Acho que geralmente preciso de alguém me dando um empurrãozinho senão a coisa não anda.
Primeiro todas as dúvidas em voltar pra Floripa nos últimos anos.

Hoje é outro dia que minha indecisão custou caro. Fiquei nessa de ir ou não ir pra Seattle. Basicamente estava entre uma nova cidade ou trabalhar de casa?

Alguma coisa me dizia que era hora de me mandar dessa cidade e ir pra um lugar mais limpo apesar de que escritório de 9 as 5 me deixa em dúvida. Eu, como saí da vida corporativa há muito tempo, estava confusa entre aceitar o trabalho deles e um trabalho em casa.

Daí o cara do YouTube (não é o YouTube, é uma empresa terceirizada e um grande amigo de muito tempo) ligou hoje dizendo que o trabalho era 50/50 chance de rolar, quando na semana passada ele disse que era garantido. Fique em dúvida entre os 2 trabalhos porque achei que ambos eram certos de acontecerem. Jamais optaria por um incerto ao invés de um que era 100%. Melhor pra mim porque
facilitou minha decisão e o frio na barriga de partir pra Nintendo. Dez minutos depois recebo um email da Nintendo dizendo que eles resolveram contratar alguém local pois não podiam esperar mais (depois de eu esperar 3 meses pela resposta deles). Eles jamais me deram um deadline da resposta.

Bom, agora resta esperar se o trabalho do YouTube vai rolar mas parece que cometi mais um grande erro na minha vida. Entre 2 grandes oportunidades, fiquei sem nenhuma. Não posso ficar chorando pelo leite derramado mas as consequências da minha indecisão ferram bastante com a minha vida.

Eu sempre fui tão desconfiada. Por que fui confiar na palavra do meu amigo?

Como é possível ser tão aventureira e ter essa enorme fobia de mudança? Será que existe uma maldição que não me deixa sair de Los Angeles? Vamos ver se consigo não ficar com raiva de mim mesma por ter jogado uma oportunidade como essa pela janela.

Bom, pelo menos, a Nina e o Dan agradecem, já que não vão ser mais separados. Ele estava arrasado com a ideia de ficar longe dela, ainda mais depois que ele perdeu a mãe dele e o Pimpy nesses últimos 2 anos.

Diário de Trabalho duma Imigrante

Hoje li esse artigo interessante sobre subempregos no exterior. Daí estava aqui a pensar com meus botões.
A primeira vez que voltei ao Brasil em 2004, todo mundo me perguntava o que eu estava fazendo em LA, ou seja, todo mundo queria saber se eu estava em "subemprego". Já vi muito essa "preocupação" no Brasil porque tem muito essa coisa de status social. 

1) Realmente ter se formado numa das melhores universidades do Brasil e ralar aqui não foi fácil mas com certeza aprendi muito com a experiência e sou muito grata por isso. Trabalhei em muita coisa diferente mas dentro de um ano eu já estava numa ótima companhia. Fiz muita coisa antes disso: restaurante, reforma, bilheteria de cinema, marketing, contabilidade etc. A maioria do pessoal que chegou na mesma época está bem. Um é um fotógrafo respeitadíssimo, outro diretor de cinema, outro gerente de uma empresa de médio porte e por aí vai. Aqui a idade importa menos quando se começa uma nova carreira.

2) Desde o início gostei muito da relação empregado-chefe. Me parece que há um respeito maior em ouvir as pessoas, em dizer por favor e obrigado, o que torna o trabalho bem mais prazeroso do que chefe que te chama aos berros (como aconteceu nos empregos em Floripa).

3) Quem trabalha em restaurante aqui não tem necessariamente o status de subemprego e nem é trabalho só de imigrante. Um garçom consegue se manter bem com a grana que recebe e frequentemente ganha melhor que um trabalho tedioso de escritório. O serviço ao cliente é bem valorizado por aqui. 

4) No fim das contas a maioria do pessoal que trabalhou comigo no jornal em Floripa acabou desempregado de qualquer forma e muitos passaram muita ralação pra encontrar algo que pague as contas. E o pessoal que veio pra cá ralou muito no começo mas as portas se abriram com o tempo. 

terça-feira, junho 28, 2016

Encruzilhada

Eu tô pirando com as 2 propostas. O YouTube ofereceu um salário melhor que a Nintendo, é um trabalho remoto que eu sempre quis e algo que eles buscam especificamente jornalistas mas alguma coisa me diz que é hora de sair de Los Angeles. Algo me diz que é hora de um recomeço. Eu estou bem cansada daqui e com vontade de trabalhar com uma equipe ao invés de sozinha. Mas daí tem a Nina...
Ha, lógico que as 2 propostas tinham que acontecer exatamente na mesma semana pra confundir bem esta garota indecisa.

segunda-feira, junho 27, 2016

Ghost

De um show na HBO:

It’s ok to be a ghost
It has its pleasures
You’re light
You float
You slip in and out unseen
There’s no love to lose
Or burden to be
You have so little to hold you down
You are free
Some pearls are never found
They hide under the sand on the ocean floor
No one knows they’re there
But the pearl knows
Maybe there was a time she wanted to be found
To be seen
And to be held
But now only hope hurts
I am my own secret
A secret kept by me.

sexta-feira, junho 24, 2016

Política Conservadora

Primeiro, o golpe no Brasil. 
Depois, um candidato como Donald Trump ganhando força nas eleições americanas. Um homem chovinista e contra a reforma na imigração.
E hoje a separação do Reino Unido da União Europeia. 

O terrorismo cresce e o conservadorismo também. 

Não quero nem mencionar a morte da onça Juma, que é um assunto à parte. 

Onde vamos parar?

Cerimônia do Fim

Provavelmente ainda não contei isso mas desde adolescente tenho tendência a ficar de vela. Os amigos vinham namorar na minha casa e na faculdade eu andava com vários casais. Raras ocasiões em que tive um amor mútuo e muitos dos ex casaram depois da nossa história. Talvez esse seja o meu dom: preparar os homens pra se casarem (com outra pessoa). Sempre percebi que essa coisa de amor não iria acontecer comigo.

No momento que a minha vida amorosa e a possibilidade de ter uma família morreram, a minha vida profissional deu uma guinada. Então vamos aceitar o que a vida me deu, né? Em amor raramente sou escolhida mas pelo menos em trabalho eu sou.

Reencontrei um amigo esses dias que é um cara super legal de bater papo: inteligente, presente e consciente. Ele estava me contando que ele e a ex, que são super amigos, acabaram de participar de uma "cerimônia de encerramento". Eles terminaram a história há um ano e mesmo ter sido na paz, acharam que era necessário um ritual do fim de um ciclo. Ele disse que foi lindo, forte, emocional e que eles cresceram muito com essa experiência.
Me intrigou. 
Fico feliz de ver amigos tão evoluídos. 
Eu tenho passado muito aperto em lidar com o fim do meu relacionamento como nunca senti antes, principalmente da forma e no momento que tudo aconteceu. Ficou a sensação de um fim mal acabado e mal resolvido, ainda mais que a comunicação foi feita por telefone e e-mail e não pessoalmente, olho no olho. Será que um dia vou conseguir superar isto? Será que um dia esse medo de me aproximar de outra pessoa vai passar? Será possível ainda acreditar em amor a essa altura? Só espero nunca mais passar por uma dor assim nesta encarnação.

Não é possível determinar quanto tempo, pois cada pessoa reage de maneira diferente, principalmente devido ao seu histórico de vida. Pessoas que quando crianças viveram a experiência do abandono, com certeza encontrarão mais dificuldades para enfrentar esse momento, pois o abandono da infância irá se somar ao atual, podendo fazê-la reviver o último com muito mais intensidade e sofrimento. Por outro lado, aquelas que viveram uma infância com afeto, sem perdas, terão mais recursos para enfrentar a separação.

AQUI a história de um casal chinês que fez uma cerimônia assim.

E AQUI uma história bem longa (em inglês mas se tiver interesse, use o Google Translate) de um término de casamento de 10 anos. Bonito, vulnerável, triste e sincero.

Não encontrei na internet mais exemplos em português mas encontrei várias páginas em inglês sobre cerimônias de término.

quinta-feira, junho 23, 2016

A saga de trabalho continua

Grandes decisões a serem tomadas essa semana:
  • Por um lado, a Nintendo em Seattle. Nova cidade, árvores, recomeço, trabalhar em equipe, ar mais puro, frutos do mar, estabilidade, aposentadoria, acordar cedo pra trabalhar.
  • Por outro, o YouTube. Temporário (longo), em casa, trabalho remoto, sol de Los Angeles, liberdade. Posso trabalhar com a Nina de qualquer lugar do mundo mas é um trabalho que pode durar um ano ou mais, ou não. 

Não tenho ideia do que fazer. São 2 ótimas opções e estou muito grata de ter duas empresas tão legais pra escolher. Se é pra trabalhar em corporação, que sejam umas interessantes, né? Eu sinto que preciso de um recomeço e a Nintendo ofereceu pagar por toda a mudança. Eu nunca tinha recebido uma oferta de trabalho com pacote, benefícios, bônus e tal.

Eu sempre disse que Los Angeles não é uma cidade pra se aposentar mas acho que o trabalho do YouTube tem mais a ver comigo. Agora a oportunidade de viver num lugar diferente se apresentou mas partir pra outro lugar sozinha novamente...numa cidade que está sempre nublada... muitos disseram que é difícil fazer amizades por lá. Só que como disse antes, um trabalho que possa fazer de qualquer lugar (YouTube) é bem tentador porque me possibilita ser livre. Só que depois da doença, estou pensando em tratamento médico.

Fico feliz de ser selecionada numa companhia grande sem indicação de ninguém, só com o meu esforço. Nunca achei que isso iria acontecer.

Ainda bem que ao menos consigo realizar as coisas que dependem só de mim. Que bom colher frutos de muita ralação de 16 anos como imigrante.

quarta-feira, junho 22, 2016

Viajar (2)

Hoje no trabalho me disseram que estou mais feliz. Isto porque viajar sempre me fez um bem danado, mesmo quando fiquei muito doente em Cuzco e em Paris. Eu sempre fiquei dividida entre ser uma pessoa responsável e trabalhar ou sair por aí pela estrada explorando esse mundão mas vai lá, comento sobre todos os anos nesse blog.

Não é exagero. Viajar alimenta minha alma e me energiza.

Na segunda, quando estava em Seattle, peguei o carro da minha amiga pra minha entrevista de trabalho. Apesar de dar um pouco de nervoso por estar com o carro de outra pessoa, foi muito bom sair sem rumo por uma cidade desconhecida.

A princípio, o motivo de ter ficado nos EUA foi a possibilidade de viajar mais já que as passagens daqui são bem mais baratas mas é difícil sair quando o aluguel é muito alto e não tenho férias mas preciso me programar melhor pois sair da rotina é fundamental pra mim.

Resolução

Pelo jeito, vou continuar aqui no calorzão de LA mas pelo menos tive a chance de conhecer Seattle. Fico feliz que uma resolução foi tomada porque ficar 3 meses nessa coisa de muda não muda é um pouco estressante. Quem agradece é a Nina que vai continuar com a companhia dos 2 pais e não vai precisar ficar 10 horas trancada em casa.

Passar 4 dias na casa da minha amiga me fez ver que seria melhor não morar sozinha. Aluguei essa casa na intenção de ser temporário porque estava de mudança pro Brasil e traumatizada de morar com um monte de gente mas foi bom ter companhia de pessoas esses últimos dias principalmente agora que ando tão isolada.

Então Los Angeles, vamos ver se eu curto uma praia nesse verão.

Seattle (1)

Passei os 4 últimos dias em Seattle e parece que escolhi o fim de semana certo pra isso. Los Angeles passou por uma onda de calor e ontem os termômetros chegaram a 42ºC. Eu gosto de calor mas sem ar condicionado é um pouco brutal. Escapei na hora certa.

Durante o verão em Seattle, o sol aparece entre 4:30/5 da manhã e 9:30/10 da noite. Fantástico! Raramente chega a ficar muito quente. A cidade me lembrou um pouco San Francisco, cercada de água por todos os lados e muito verde. Como é bom estar no meio de tantas árvores! O lugar tem fama de ser a cidade mais chuvosa do país mas acabei de dar uma pesquisada e está longe disso. Floripa, por exemplo, tem a média anual de 60 inches de chuva e Seattle, meros 36.15. Um pouco mais da metade da minha cidade natal. A diferença é que o sol praticamente não aparece durante 4 meses. 

Eu achava que Seattle era mais barato que LA mas na verdade nos últimos 4 anos, os preços aceleraram por lá por causa da indústria tecnológica. É lá onde fica a sede da Microsoft com 40 mil funcionários, além da Amazon e Starbucks. 

O que mais tem de bom lá? FRUTOS DO MAR fresquinho. Eita, coisa boa. 

Não fui muito conhecer os pontos turísticos como a Space Needle (cartão postal da cidade) mas vi vários visuais da cidade e passamos o sábado em Fremont por causa do Solstice Festival que já é bem conhecido. 

quinta-feira, junho 16, 2016

6ª Fase da Vida

E lá se vai mais um ciclo de 7 anos de vida, aquele que serviu pra aprender a cair no buraco. O próximo ciclo vai ser bem melhor, né?
Tenho esperança que sim.
Quem sabe nesse tenha mais felicidade, paz e amor?
O primeiro dia do novo ciclo foi muito melhor que o esperado. Encontrei vários amigos pra diversas refeições. Comi que me esbaldei durante 12 horas. Assim quem sabe volto ao meu peso normal? Tô quase lá.

terça-feira, junho 14, 2016

Aniversário

Aniversário chegando.
Nunca gostei de programar meu próprio aniversário. Ano passado passei o dia sozinha e foi extremamente difícil. Tive que lidar com várias coisas do passado, estava no auge da depressão e o fim das velhas amizades.
Esse ano eu queria fazer alguma coisa mas é dia de semana. Está meio frio pra praia. De repente vou fazer uma trilha se eu conseguir deixar a preguiça de lado e me animar de ir sozinha.

sexta-feira, junho 10, 2016

Metrô

Até 1953, Los Angeles oferecia uma ótima rede de transporte público que já tinha mencionado neste post. Décadas sem transporte público e agora, 60 anos depois, eles estão finalmente ampliando a via ferróviária.
No final de maio foi inaugurada a extensão da Expo Line, a linha que vai até a praia de Santa Monica. Desde dezembro de 2014, eu esperava ansiosamente por isso já que meu trabalho fica no lado da estação recém-aberta.
Alegria essa semana ler meu livrinho no metrô. Na hora do rush, leva quase o mesmo tempo.

Mudanças

Espelho, espelho meu
Existe alguém mais indecisa do que eu?

Frequentemente faço coisas sem pensar muito nas consequências. Eu mal estou trabalhando esse ano e praticamente minha carreira em festival chegou ao fim. Sinto que preciso de novos ares pois novas oportunidades geralmente me dão ânimo. Dois meses e meio atrás vi uma oferta de trabalho num site que eu assino há 10 anos mas que raramente mostrava algo interessante. Resolvi seguir em frente e ver onde ia dar, sem ter certeza de que é isso que eu quero. A única certeza que tenho é que preciso de mudanças e me afastar do passado.

Depois de testes e várias entrevistas nesses últimos dois meses, a empresa em Seattle está mostrando interesse em me contratar. Eu acho que era até aí que minha cabeça ia. Passar o desafio do processo de seleção de uma grande companhia e mostrar que eu consigo pois nunca me dei bem nessas entrevistas mas e agora?

Faz mais de um mês que estou pesando os prós e contras. Trabalhos corporativos de 9 às 5 me enlouquecem mas eu preciso de estabilidade. A empresa é legal mas eu não funciono de manhã. Sempre chego atrasada em tudo que é marcado antes das 10. Seattle tem árvores e natureza que eu preciso mas chove quase o tempo todo e é super frio. Eu não me dou bem com frio. Sempre fui tropical. Tem algumas coisinhas em LA que me prendem aqui: a possibilidade de levar minha cachorra pro trabalho, ganho verduras orgânicas de graça de uma organização, ganho almoço no trabalho, voo direto pro Brasil caso seja necessário, cidade ensolarada e alguns detalhes assim, apesar de que eu ando bem cansada da cidade. Acho que 15 anos foi suficiente. A companhia quer que eu me mude o quanto antes.

O que mais pega é a questão da Nina, minha pequena. Não consigo deixar minha cachorra sozinha mais de 10 horas por dia. Ela sempre me acompanha em todos os lugares. O Dan disse que ficaria com ela mas eu não quero me separar dela e não quero separá-la dele pois a gente divide a "custódia" há 10 anos. Tem funcionado bem essa coisa de dividir a responsabilidade.

Confesso que o meu gol mesmo é conseguir um trabalho que possa fazer parte online porque quero estar mais na estrada e não confinada num escritório (motivo no qual estudei jornalismo) mas eu tenho uma dificuldade tremenda em dizer não pra novas oportunidades.
Olha AQUI as novas tendências de trabalho.

Vou ou não vou?

sexta-feira, junho 03, 2016

Filmes e Discussão

Ontem um amigo de uma amiga alugou um loft pra mostrar o novo filme do Michael Moore, Where to Invade Next. Ao todo umas 50 pessoas, que ficaram até mais tarde pra discutir o filme e soluções para o país e a comunidade. Sempre curti esse tipo de atividade, ainda mais aqui nos EUA onde o americano é super mãos à obra.
Também assistimos um documentário brasileiro sobre agrofloresta (Vida em Sintropia), que eu já tinha visto. O organizador quer trazer pessoas que já estão com projetos interessantes pelo mundo e quer criar uma comunidade num prédio no centro de Los Angeles com animais, horta e energia solar.

Eu curtia muito os documentários do Michael Moore quando ele começou. Cheguei a escrever uma carta (não mandada) pra ele. Depois cansei um pouco do estilo e da agressividade. Esse filme fala de soluções que alguns países na Europa implementaram como, por exemplo, uma merenda balanceada nas escolas. Ele mudou um pouco o ângulo e mostrou mais soluções do que problemas. O fato é que concordo com tudo que ele discute nos filmes dele: sistema de saúde, educação, governo, distribuição de verbas, igualdade de gêneros, armas, violência, etc. Vejo os filmes dele e dá vontade de correr desse país apesar de que todo país tem seu problema.