segunda-feira, novembro 15, 2010

Vinho

Além do ótimo jantar neste último sábado, tivemos também uma degustação de vinhos promovida por uma empresa que vende vinhos do mundo todo. Quase todos preferiram um vinho chileno que foi servido, o Casa Nueva Sauvignon Blanc. Se é uma coisa que eu adoro na Califórnia é o acesso a vinho bom e/ou barato. Que coisa maravilhosa que é assistir um filminho com um vinho. Que coisa maravilhosa é uma conversa entre amigos regada a vinho.
De acordo com o Wine Institute, em 2009 havia 6705 vinícolas nos Estados Unidos e a metade delas localizadas na Califórnia. Os maiores produtores ficam em Napa, Sonoma, Paso Robles e Santa Bárbara.
Tem opções pra todos os bolsos, a começar pelo Charles Shaw, ou também conhecido como "Two-Buck-Chuck", que até que é um vinho decente considerando o preço de apenas $1,99. Mas ainda dá pra encontrar outras marcas decentes por 5 dólares.

Vinho na telinha:

Sideways (2004) -  Foi o primeiro longa de ficção que assisti retratando tanto a cultura do vinho. Ótima atuação de Paul Giamatti. Acho que o consumo de Pinot Noir cresceu bastante após esse filme.
Mondovino (2005) - Documentário sobre as indústrias, as pequenas vinícolas e a globalização.
Bottle Shock (2009) - como o vinho californiano se tornou respeitado e conhecido no mundo. Baseado numa história real.

Jantares

A maioria dos encontros entre amigos por aqui acontece em restaurantes, que eu acho impessoal e  sempre na correria. Acho bem mais interessante jantares como neste último sábado na casa da Kat e do Jason, ainda mais nessa época do ano com o frio chegando. Foram quase 20 convidados e entre eles, ótimos cozinheiros. Cada um preparou algo especial e tivemos um cardápio com pato, carne defumada, sopa de abóbora e curry, pudim de leite (que eu não preparava há anos), bolo de chocolate, creme brulè, etc.
Eu fiquei estufada e quase passei mal. Não consegui me mexer até a manhã seguinte. Acho que foi a carne, já que eu tenho uma alimentação bem vegetariana.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Poliamor

Há 5 anos escrevi o post sexo x amor sobre o que fazer quando um quer mais sexo que o outro, quando um fica na vontade pois cada um sente diferentes desejos sem que o amor entre um casal acabe. Algumas pessoas contaram suas histórias, outras opinaram sobre a situação. Naquela época eu não sabia da existência do poliamor mas hoje me parece uma solução que faz sentido. 

Kimmie está casada há 3 anos e vive há um ano com "seus" 2 homens. Ela e o marido sempre tiveram uma relação aberta até que no ano passado ela conheceu o Matt e eles não se largaram mais. Como o Matt estava procurando um lugar para morar, os três acabaram dividindo a casa meio que por acidente. No começo eu não entendia direito, afinal não é todo dia que a gente vê a versão verídica de Dona Flor e seus 2 Maridos. Com o tempo, fui entendendo que o Matt e o Will são loucos pela Kimmy e ela os ama.
Eu sei que nos olhos de muitos isso parece loucura mas o que me parece mais loucura é a quantidade de traições que eu vejo em relações. Conheço gente que tem amantes durante anos e anos, vivendo um total faz-de-conta, fingindo ser o que não é, fazendo outras pessoas sofrerem. Porque geralmente esse tipo de história não acaba bem. Ou se é monógamo ou não é. Por monógamo, eu quero dizer uma pessoa que se sente "completa" com UMA outra pessoa, não necessariamente casar-se. Ter amantes à escondida pra mim não é monogamia. E o fato de não ser, não significa que não se ama a esposa/o marido. O que não parece legal é reprimir desejos porque é "errado" ou fazer sem abrir o jogo. Infelizmente não é assim na prática pois existe o medo de perder o companheiro(a) e por isso várias pessoas optam pela mentira.
Já tive várias discussões sobre isso com meu namorado que acredita que o amor envolve dificuldades, que não é possivel encontrar tudo numa pessoa só e a construção do amor é justamente isso. Tá certo, eu concordo mas acho que o motivo de resistência da idéia de poliamor, muitas vezes, é imaginar o respectivo(a) com outra pessoa. É o ataque do ego de "dividir o que lhe pertence" ou plena insegurança. Apesar de eu ser simpatizante do poliamor, também não sei se conseguiria na prática. Nunca tentei. O mais perto que cheguei foi decidir ter uma relação aberta com o ex-namorado mas acabamos nunca levando a decisão a sério.

O poliamor ainda é um grande tabu e dificilmente deixará de ser. Não acho que sirva para todo mundo mas acredito sim que é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Ao contrário do namorado, não acho que a pessoa tenha que se privar de sentimentos ou desejos. Na verdade pela quantidade de traições que existem no mundo inteiro, essa prática é bem difundida. A diferença é que o ego, a possessividade e o ciúmes não deixam as pessoas se comunicarem sobre certas necessidades do indivíduo na relação. Isso também não quer dizer que todo mundo deva praticar poliamor. Conheço pessoas monógamas que são fiéis e não sentem a menor necessidade de ficar com outra pessoa.

Já vi algumas histórias acabarem em drama e outras continuam maravilhosas. Mas não é assim em qualquer relação? Tenho uma amiga que teve uma relação aberta no primeiro casamento que acabou em briga. Decidiu que só a monogamia serviria dali pra frente. Agora ela está casada há 7 anos, sei que é louca pelo marido mas sofre por sentir desejos por outras pessoas. Ela também sente MUITO mais tesão que ele. Sofre porque não vai trair mas não consegue deixar de sentir esses desejos. Já tentou apimentar a relação, conversar com ele pra transar mais mas o desejo não passa e muito menos o amor pelo marido.

O melhor exemplo de poliamor que eu conheço e já comentei é o do Shoghi e a Lily. Eles estão juntos há 5 ou 6 anos e não tenho dúvida que são almas gêmeas. Continuam apaixonados, são super carinhosos, admiram um ao outro, tem química sexual e planejam ter filhos. Você chega perto deles e sente a energia entre os dois. No entanto, acreditam que o amor não consiste em só 2 pessoas. Eles tem outras relações e conversam sobre isso um com o outro. O Shoghi é mais na curtição apesar de que tem longos relacionamentos com outras mulheres mas a Lily se envolve completamente com outros caras. As outras mulheres e homens se relacionam com eles mas conscientes de que o Shoghi e a Lily são loucos um pelo outro e portanto sem intenção ou esperança de acabar com este relacionamento. Nunca conheci um casal que se comunicasse tão bem, aquele tipo de comunicação sem barreiras em que não há medo de conversar sobre absolutamente nada. Uma amiga explica que a vida poliamorosa deles dá certo porque há uma relação prioritária e se necessário largam o que for e quem for, se um precisa do outro. Dá pra conversar horas sobre relações com eles porque são super maduros e seguros do que querem. Sempre fico fascinada pelo amor e como eles trabalham bem qualquer dificuldade. Um dia a Lily estava me explicando que ela tem uma tática de desabafar sobre problemas com o Shoghi. Como é cansativo ficar sentado ouvindo problemas, sempre que ela precisa fazer isso, ela faz uma massagem no marido. Assim os dois recebem aquilo que querem. O que mais admiro neles é a total honestidade e respeito entre eles. Quem me dera se todos os casais fossem assim.

Mais sobre poliamor:
O que é?
outra definição
matéria na Newsweek de 2009 (em inglês)
matéria no site Terra
• a "bíblia" do poliamor (em inglês)