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terça-feira, setembro 26, 2017

Como vim parar nos EUA?

Em 15 anos de blog tenho certeza que já comentei esta história. Eu sempre fui super militante quando morava no Brasil e de tendência altamente socialista. Minha primeira manifestação foi na 7ª série. Fui presidente do centro acadêmico na faculdade por 2 anos, Secretária de Relações Internacionais da Executiva Nacional, representante estadual dos estudantes no congresso dos jornalistas, participei do Congresso da UNE e até organizei ensandecida um encontro estudantil para mil pessoas.
Por isso tudo, jamais imaginei morar nos Estados Unidos. Nunca foi meu sonho parar na meca capitalista. Quando eu era criança, costumava dizer que se as pessoas boas saíssem do Brasil não ficaria gente honesta pra melhorar o país.

Daí virei jornalista, apaixonada por línguas, queria ser fluente em inglês e tentei passar um tempo na Austrália ou Inglaterra. Não deu. A oportunidade surgiu aqui. A intenção era ficar só alguns meses e vim cheia de preconceitos pra Terra do Tio Sam. Alguns dos estereótipos que eu tinha se confirmaram mas também abri minha cabeça para uma nova realidade.
Depois desse meu histórico, é louco imaginar que virei cidadã americana. Nossos pensamentos mudam no decorrer da vida. Alguns sonhos continuam, outros se transformam. Deixei de me considerar parte de um lugar só.
Ainda quero ver um Brasil melhor mas sem perceber, fui gradualmente me acostumando a um lugar com mais segurança, mais respeito, menos machismo, menos burocracia e fui me dando conta que pensar em si e buscar qualidade de vida não é de todo mal. Nenhum lugar é perfeito mas a Califórnia combinou com meu estilo de vida no momento que vim pra cá.

Agora menos da metade do país elegeu um louco-rude-narcisista e muitos de nós estamos extremamente frustrados. Ontem a mídia falou de uma possível guerra. Os americanos vão continuar aqui pois é a cultura deles. No entanto, eu já sonho com um lugar mais digno, um lugar menos alimentado pela cultura do medo, um lugar mais justo com os cidadãos. Assisti mais uma vez o documentário do Michael Moore Where to Invade Next e a Europa soa cada vez melhor onde há educação, segurança, boa estrutura e um sistema de saúde melhor.
Mas são sonhos, nada de planos concretos. Me comprometi a ficar por aqui pra não separar minha cachorra do pai dela porque nós dois somos loucos por ela e ela não vai viver por muito tempo. Estou curtindo muito meu novo trabalho no YouTube e gosto muito de dar aulas nesta cidade ensolarada mas essa confusão com líder da Coreia do Norte me causa um certo estado de preocupação. Não quero isso.

terça-feira, junho 27, 2017

Papo de Mulher

Já vou avisando que esse post é sobre menstruação. Chega de mimimi pra falar de algo normal. Por que, né? Nós mulheres sangramos mesmo e é perfeitamente natural.
Na verdade esse post é sobre menstruação X meio-ambiente, já que sempre me interessei em contribuir pro meio-ambiente da forma que eu pudesse.
Você sabia que a mulher usa em média 10 mil absorventes em sua vida? É muito lixo no planeta. Quando descobri a existência do coletor menstrual há uns 8 anos fiquei encantada a ponto de vender o produto para as amigas. Só que depois da minha cirurgia não consegui mais usar.
Esse ano descobri mais um produto que eu e minhas amigas estamos amando: a calcinha THINX. Isso mesmo! Calcinha que não vaza e é só lavar e reutilizar. No começo achei meio estranho. Calcinha pra usar durante nosso período menstrual?
Tantas amigas elogiaram o produto que eu resolvi testar. E não é que é bom mesmo? Super confortável! A longo prazo além de contribuir pra menos desperdício, ajuda o bolso também.
E ainda por cima essa empresa de Nova York envia o produto pra adolescentes na África que não podem comprar absorventes e sofrem por não poderem ir à escola quando estão menstruadas. Empresa com consciência social é isso.

www.thinx.com


quarta-feira, novembro 23, 2016

Standing Rock (3)

Estou aqui há uma semana querendo escrever sobre Standing Rock mas acho que ainda estou processando tudo politicamente, pessoalmente e espiritualmente. É tanta coisa pra falar sobre as reuniões que participei, a vida no acampamento, os protestos, as cerimônias, o conflito branco x índio... Eu queria muito ter ficado mais tempo lá.
Na minha bolha facebookiana, é bom ver a quantidade de pessoas engajadas nessa causa e em união com a tribo Sioux. Toda semana vejo um novo grupo de conhecidos enfrentando os 2 dias de viagem pra ir ajudá-los e entregar doações, mesmo no frio de -6ºC (eu peguei -1ºC).

sexta-feira, novembro 18, 2016

Povo Solidário

O americano preza muito a individualidade mas ainda assim é bom ver tanta gente engajada em problemas sociais.
Muita gente incluindo políticos e artistas estão em solidariedade com Standing Rock. A quantidade de doações é impressionante. Além de comida, roupas, câmeras, material de acampamento,etc, um dos acampamentos já recebeu 2 milhões de dólares.
Essa semana uma amiga aqui em Los Angeles buscou um lugar pra voluntariar no Thanksgiving semana que vem e todos os lugares estão lotados e não precisam mais de ajuda.
Ainda tenho amigos que voluntariam em canis da prefeitura e inúmeros tipos de ONGs e além disso, muitos doam dinheiro pra várias organizações.

Mês passado organizei uma ação pra arrecadar sapatos pra ONG Soles4Souls que distribui para países muito pobres como o Haiti. Meu gol era 100 pares e felizmente consegui juntar o dobro. Muito mais do que o esperado. Hoje vou lá entregar. Assim ajudamos os amigos a se livrarem das coisas extras e também as pessoas que não tem condições de comprar um sapato.

terça-feira, novembro 15, 2016

Patriotismo pra que?

Tempos Obscuros na Política

De um lado, acho bom os amigos americanos dizerem que vão lutar contra esse governo e que é preciso deixar a apatia de lado.
No entanto, já faz muito tempo que o patriotismo perdeu o sentido pra mim. Por que a necessidade de estar preso a um determinado pedaço de terra? Qual o objetivo de ser patriótico? Pra que ter tanto orgulho de UM país?
Eu me sinto cidadã do mundo e não acho que nenhum país é melhor que o outro. Todo lugar tem um lado bom e ruim. A beleza pra mim está em explorar esses lados.

domingo, novembro 06, 2016

Standing Rock (II)

Amanhã um grupo de amigos parte de motorhome para a Dakota do Norte para levar mantimentos e fotografar. Lógico, fui a primeira a me comprometer de ir junto porque às vezes a vontade de me envolver com jornalismo de novo volta.
Como mameluca que sou, ou seja, mestiça de branco e índio, eu sinto o chamado de apoiar a tribo Sioux mas estou apreensiva quanto ao risco de prisão. Entre a grana da fiança e custo de advogado, não estou em condições de bancar mas sinto que é um momento histórico e a comunidade do Burning Man está indo em peso pra dar apoio, inclusive com um acampamento lá.

sábado, novembro 05, 2016

Standing Rock (I)

Hora de falar de Standing Rock, o conflito na reserva indígena da tribo Sioux na Dakota do Norte. 
Dakota Access Pipeline é um projeto que pretende distribuir o petróleo daquela região a outros estados. O argumento é que isso causará uma menor dependência de petróleo vindo do exterior. Acontece que esse oleoduto está sendo construído para passar embaixo do Rio Missouri, que é fonte de sobrevivência da tribo indígena. Desde abril membros da tribo vêm se reunindo em protesto contra o oleoduto. Eles temem que vazamentos contaminem a água do rio, como já ocorreu em outros lugares. 

Foto: Alex Wong
O interessante é que nos últimos dois meses esse movimento tomou uma dimensão inesperada e tem mobilizado muita gente, principalmente porque traz à tona toda a questão do homem branco opressor. Os manifestantes são chamados de protetores da água. Gente do país todo tem se juntado aos acampamentos para ajudar os Sioux. Algumas celebridades se envolveram como o ator Mark Ruffalo e a atriz Shailene Woodley, que foi presa. Mais de 200 prisões foram feitas e por falta de lugar nas cadeias, algumas pessoas foram colocadas em jaulas de animais. 

Algo que eu admiro muito na cultura americana é a praticidade e capacidade de realização. Eles são muito pragmáticos e sempre exigem ação diante de um problema. 

- foi distribuída uma lista do que pode ser feito pra ajudar a reserva indígena: telefones, doações, websites, produtos necessários

- treinamentos realizados online ou em algumas cidades

- grandes corporações bancárias financiaram o projeto da Dakota Access Pipeline e muitas pessoas estão fechando suas contas nestes bancos e transferindo pra um "credit union" (crédito sindical?). Ouvi dizer que uma agência até teve que fechar as portas por causa do término de contas

- foi feita uma doação anônima de $1.5 milhão para liberar todas as pessoas da cadeia. Cada fiança custa $1.600

terça-feira, dezembro 08, 2015

Off grid (sem contas)

O americano é bem conhecido por ser um pouco exagerado: casas grandes, carros grandes e garagens abarrotadas de coisas.
Em contrapartida dessa ideologia, vejo cada vez mais um movimento inverso: o minimalismo. Tenho várias amigas que tentam possuir o menor número de coisas possível e ter uma casa com pouquíssimas coisas, sem um monte de cacareco. 
Além disso, há também o movimento tiny house que tem ganhado força. São casas minúsculas móveis feitas a mão. A intenção com isso é viver com menos dívida e com mais consciência ecológica. 
Hoje assisti um vídeo de um cara residente em San Diego que vai mais além disso, onde ele não tem nem conta de eletricidade ou água. 


Eu tenho uma fascinação por estes movimentos e gosto de ler sobre isso mas fico bem dividida. Uma parte minha gosta de mais conforto e espaço e o pior, sempre tive a tendência de ser super junta-tralha. Não faço questão de luxo mas seria legal ter um escritório/biblioteca/quarto de visita. Já saí pelo mundo com uma mochila por um ano e curti bastante. Trocava as roupas com os amigos a medida que ia trocando de cidade mas fiquei cansada depois de um ano. Agora moro num lugar bem pequenininho e estou mais consciente em relação ao acúmulo de coisas e felizmente já consegui diminuir bastante o volume de coisas mas será que eu conseguiria me livrar de ao menos metade do que eu tenho pra viver num lugar menor ainda do que meu apê? Não sei.
Como eu não gosto de simplesmente jogar as coisas fora no lixo, prefiro esperar a oportunidade pra dar algo pra um amigo que está precisando e aos poucos diminuindo o volume, usando os cremes sem comprar mais, dando louça pra vizinha e por aí vai. 

quinta-feira, novembro 12, 2015

Menos Desperdício

Meu primeiro acampamento aconteceu com 2 semanas de vida. Naquela época minha família acampava na beira do mar e a gente lavava os pratos com areia da praia. Além disso, meu avô tinha um sítio e eu passava muito tempo com os animais. Sempre fui mais ligada em bicho do que gente. Talvez por isso, eu tenha criado um amor gigantesco por questões ambientais. Na minha adolescência tinha um pessoal que até me chamava de "mãe-natureza".
Ainda bem que hoje em dia quem tem consciência ecológica não é tão criticado como antes.
Sou até meio neurótica com desperdício e não tenho a menor ideia porque sou assim.
Vocês já assistiram o filme Wall-E? Aquela montanha de lixo no mundo no início do filme pra mim é uma realidade e eu sempre tento diminuir meu "footprint" no planeta. Quando fiquei na Amazônia e via as pessoas constantemente jogando lixo no rio, eu quase tinha um troço.

Eu acredito que o excesso de pessoas está destruindo o planeta. Então aqui estão algumas coisas que faço pra tentar minimizar meu impacto. O objetivo é gerar a menor quantidade de lixo possível.

1) Reciclagem
Minha composteira providenciada pela prefeitura
Desde os meus 18 anos quando fui morar sozinha, eu separo o lixo reciclável. Se não tem latão de reciclagem no prédio, eu levo pra algum lugar que recicle. Hoje em dia separar lixo é tão automático que quando vou num lugar sem triagem, me sinto ultra estranha.
Mas agora o objetivo é comprar a menor quantidade de embalagens possível, mesmo que seja reciclável. Quanto menos lixo melhor porque reciclagem também é um processo de grande custo, principalmente plástico.

2) Sacolas de pano
Aprendi esse costume na Alemanha nos anos 90. Sempre mantenho várias sacolas no carro, caso eu passe no supermercado. Como eu não gero muito lixo porque evito comprar comida processada, eu não preciso de trocentas sacolas plásticas na minha casa e nem gosto de jogar sacola no lixo. Acho muito desperdício, além de lembrar daquelas imagens de tanta morte de animais marinhos por causa deste problema.

3) Composteira - Desde 2008, todo o resto de comida da minha casa vai pra composteira. Eu curto demais ver o lixo ser transformado em adubo. Acho até meio terapêutico.

4) Reutilização - Dou muita aula em cafés, então sempre que eu lembro eu levo minha própria caneca pra eles não usarem mais material descartável. O mesmo no supermercado quando compro na rotisseria, muitas vezes levava minha própria embalagem mas agora muitos lugares estão usando embalagem comportável que vai vocês sabem pra onde (foto acima).

5) Água - Esse é um problema específico na Califórnia com a seca há 4 anos mas eu reutilizo tudo quanto é água que posso. Deixo um balde no chuveiro pra coletar a água do chuveiro que está esquentando. A água serve pras plantas e pra privada. Aliás tem um ditado aqui que diz: "if it's yellow, let it mellow", ou seja, se é amarelo, deixa quieto. Também rego as plantas com água que deixo a louça de molho. Daí quando chove, ponho um monte de balde lá fora. Quero ver se esse ano consigo um container de captação de água através da prefeitura.

6) Combustível - Evito usar o carro quando eu posso e acumulo coisas pra fazer numa viagem só. Abasteço a noite porque há menos evaporação.

7) Roupas - Raramente compro roupas porque geralmente vou pra "clothing swaps", ou seja, troca-troca de roupas entre a mulherada. Esse domingo tem um. Fiquei orgulhosa nos 3 últimos swaps pois me livrei de mais coisa do que peguei. O que sobra vai pra uma organização que ajuda mulheres de rua a se restabelecerem na sociedade.

E você? Alguma ideia a mais?

terça-feira, outubro 20, 2015

Teto para os Sem-teto

Um lindo projeto feito em Oakland no norte da Califórnia no qual se reutiliza objetos jogados fora e as pessoas na rua ganham um teto pra dormir.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Violência urbana


O jornalista Kadeh Ferreira fez esse pequeno documentário sobre o assassinato de Alex Shomaker Bastos, estudante de biologia da UFRJ. Alex foi morto após um assalto num ponto de ônibus na Urca em janeiro deste ano. Frequentei bastante aquele campus na época de movimento estudantil.



Eu amo o Rio de Janeiro. É minha cidade favorita no Brasil mas sou grata de viver numa metrópole onde não me sinta eternamente ameaçada. Acho que viver com essa sensação constante de vigia e insegurança é extremamente estressante.

Daí fica a eterna questão de como resolver o problema da violência. Não sou perita no assunto mas de uma coisa eu tenho convicção: de que se deve contar cada vez menos com o poder político. Hoje em dia acredito que cabe a nós encontrarmos soluções para nossos problemas ao invés de contar com os governantes pois a não ser que os filhos deles morram por causa da violência, dificilmente farão alguma coisa. É lógico que não deveria ser assim mas esperar por eles não dá mais.
Me inspiro muito na mentalidade americana do faça você mesmo. Aprendi muito nesse país que não adianta esperar pelos outros.

O que a comunidade pode fazer em relação a isso?

Tenho certeza de que muita coisa já está sendo feita mas essas são as minhas ideias:

- Seminários entre a comunidade pra trabalharem soluções
- Projetos onde se busca o apoio das empresas privadas
- Ao invés de manifestações, apresentar projetos concretos para deputados e acompanhar para que sejam aprovados
- Parques e complexos esportivos pois eu acho que isso ajuda a ocupar crianças e quem sabe se tornarem atletas ao invés de marginais

O que mais? Quais são as suas ideias?

domingo, março 21, 2010

Mais Human Translation

Noite passada fomos a uma festa beneficente da Human Translation. Já havia explicado sobre esta organização em postagens anteriores mas agora há um vídeo mostrando o que está sendo feito. 

Human Translation - Reservoir Project from Thomas Stockwell on Vimeo.

segunda-feira, abril 27, 2009

Dalai Lama em San Francisco

Dalai Lama esteve neste fim-de-semana em San Francisco falando para um público de 7 mil na Universidade de Berkeley. Agora a grande novidade pra mim veio do nosso anfitrião em Napa na semana passada e coordenador da Human Translation (link ao lado), Tobias Rose-Stockwell. Ele esteve entre os 50 convidados que participaram de uma reunião com a Sua Santidade. O grupo convidado foi chamado de Unsung Warriors of Compassion, no qual Tobias ficou com vergonha de nos contar.
Não vejo a hora de revê-lo para ouvir mais histórias. Aliás, descobrir essas novidades requer apuração jornalística, pois sendo uma das pessoas mais humildes que já conheci, ele não é muito de comentar o que faz.

Aqui está um vídeo do lugar onde a Human Translation começou: um orfanato na Tailândia para crianças portadoras do vírus HIV.

Mais sobre o Human Translations neste post.

****update: aqui está o relato de Tom Stockwell, pai do Tobias, sobre o encontro.

terça-feira, novembro 11, 2008

A briga continua

Obama venceu as eleições e restaurou o sentimento de cidadania e esperança no país mas aqui na Califórnia ainda estamos batalhando pelos direitos da comunidade gay.
Desde maio deste ano, eles adquiriram o direito de casar mas os conservadores da igreja mormon criaram a proposta 8 que proíbe o casamento entre o mesmo sexo. A proposta acabou vencendo por uma diferença pequena. Foi uma surpresa pra muitos de nós, já que sempre acreditamos viver num dos estados mais liberais deste país. Onde estão os direitos iguais?
O que os decepcionou muito foi 70% dos negros votarem a favor da proposta, já que eles também são minoria e conhecem muito bem o significado de discriminação. Acontece que a maioria da comunidade negra é muito religiosa.

Hoje os amigos estão organizando uma festa no Zanzibar em Santa Mônica para arrecadar fundos, pois eles estão recorrendo na justiça por esta proposta ser um ato inconstitucional.

Aliás, se você é residente da Califórnia aqui está a petição:
http://www.petitiononline.com/seg5130/petition.html

domingo, abril 01, 2007

Qual a eficácia de uma assinatura?

Esses dias estava lendo sobre um grupo de atores globais que criou uma ONG para ajudar a proteção da Amazônia. Eles estão fazendo um abaixo-assinado para entregar ao presidente Lula. Não consegui achar mais detalhes sobre o assunto mas essa notícia me fez pensar sobre uma coisa.
Sei que a intenção dos atores é boa como também de qualquer um que cria um abaixo-assinado em prol de uma boa causa. Mas a convivência com os americanos está me ensinando uma coisa: a
praticidade.
Sinceramente não acho que abaixo-assinado seja a forma mais eficaz de conseguir que uma idéia se transforme em ação. Posso estar errada mas parece que toda vez que há um problema no Brasil, a saída é reclamar para o Governo esperando que eles tomem uma atitude. Hoje em dia, acho que os cidadãos têm um papel tão importante quanto os políticos e que a gente pode mudar muito mais do que se imagina. Essa coisa de culpar/responsabilizar o Governo ou Deus por todos os problemas ou soluções infelizmente não traz muitos resultados e o que a gente vê é uma chuva de lamentações e todo mundo sonhando que o futuro, quem sabe, seja diferente.
Manifestações à parte, o que o indivíduo pode fazer de uma forma prática? Alguns exemplos que eu vejo hoje em dia:

- Angelina Jolie. Sim, ela é rica e famosa. E daí? Vai para vários países pobres, convive com eles, escuta, traz soluções, faz doações, levanta questões e também claro, pressiona o Governo.
- O Tobias passa a maior parte do ano na Tailândia e Camboja. É um cara que tinha acabado de se formar na universidade. Ele poderia lamentar, reclamar do Governo mas ao invés disso, criou uma ONG sozinho, arrecadou dinheiro e está mudando a vida de muita gente naquela região. Mais sobre o Human Translations neste post.

- a ONG que eu faço parte - Global Inheritance - cria várias atividades em grandes eventos para atingir os jovens para mostrar a importância da reciclagem, meios alternativos de energia, uso de transporte público entre outras coisas.

- Várias vezes que alguém na nossa comunidade passa por um problema, o pessoal se organiza, faz uma festa, um leilão ou o que for pra arrecadar dinheiro como um amigo que aos 33 anos descobriu que estava com câncer e junto veio uma conta de hospital de alguns milhares de dólares.

Enfim, acho que essa prática de fazer acontecer muito interessante. Percebo que as pessoas aqui são muito competentes quando se responsabilizam por algo, é quase algo obssessivo mas o mundo está precisando disto mesmo.

No caso dos atores, que bom que eles estão se mobilizando, afinal,
quem sou eu para reclamar de boa ação? Mas acredito que eles têm um poder de transformar muito maior, como por exemplo, através de um programa de conscientização local (porque as pessoas tendem a escutar/respeitar pessoas famosas). Com a mobilização da comunidade, fica mais fácil receber denúncias e preservar mais. Claro, que pressionar os políticos é necessário também mas está na hora de esperarmos menos pelos outros.

domingo, outubro 08, 2006

Vamos todos reciclar

Não importa em qual país você está, acho que todo lugar tem aspectos positivos e negativos. Pra mim, um grande aspecto negativo nos Estados Unidos é o desperdício. Quando cheguei aqui e vi como as pessoas desperdiçam tudo, desde a gasolina à eletricidade, quase fui à loucura. Sou praticamente neurótica com reciclagem. Reciclo todo o meu lixo desde os 17 anos e reaproveito muita coisa como por exemplo, sacola de supermercado. Há tantas utilidades depois que você carrega as compras e algo tão simples de fazer e que não custa nada. Na Alemanha eu via muitas pessoas levando sacola de casa ao invés de usar uma nova a cada vez.
Há muito tempo queria trabalhar com algo voluntário aqui mas não sabia exatamente o que ou como. Mês passado finalmente tive a chance de encontrar a organização ideal. Virei a fotógrafa da Global Inheritance que trabalha em vários festivais tentando conscientizar o público jovem seja com reciclagem ou a usar mais o transporte público. Mas ao invés de ser aquela coisa militante de discurso, a gente cria incentivos através de jogos, arte, brincadeira, trocas... Não é a minha cara? Uma das atividades é a trash recycling store no qual as pessoas trazem material reciclável e trocam por roupas, CDs, adesivos, etc. Foi exatamente isso que fiz ontem no Detour Festival no centro de LA. E no final ainda pude assistir BECK, BASEMENT JAXX, PEEPING TOM (com Mike Patton do Faith No More) e BLACKALICIOUS.
Hoje vamos para o Hollywood Bowl. Quem vem com o ônibus especial para o evento, ganha um ingresso de cinema. Do jeito que fica tudo engarrafado em dia de show, usar o transporte público ajuda muito, sem contar que pode beber sem se preocupar em dirigir depois. Depois do trabalho, a gente entra no show e assiste ROGER WATERS tocando todo o álbum The Dark Side of the Moon.

sábado, novembro 19, 2005

Human Translation

O principal motivo de ter ido pra Napa foi celebrar o aniversário de uma das pessoas mais incríveis que eu conheci nos últimos anos. Ele tem transformado a vida de muita gente, tanto aqui como na Ásia.
Resumindo como tudo começou, Tobias, como muito aventureiro, há 2 anos resolveu viajar de mochila pela Tailândia. Depois de um tempo na estrada, ele sentiu que essa vida de viajante não estava preenchendo um certo vazio. Afinal dizem que mochileiros estão sempre em busca de algo.
Até que ele conheceu uma pessoa que o levou a um orfanato de crianças portadoras de HIV. Passou um tempo nesse orfanato e depois disso acabou conhecendo uns monges budistas que pediram ajuda a ele pra reconstruir a represa da cidade. Ele não tinha 70 mil dólares mas disse que ia fazer o possível pra arrecadar esse dinheiro. Tobias tinha 23 anos e na época tinha acabado de se formar em arte. Ele fez uns desenhos e vendeu pelo E-bay pra dar o dinheiro ao orfanato. Foi o início do Human Translation, a organização que Tobias começou assim que ele voltou dessa viagem e desde então se envolveu completamente com esses projetos.
A história lembra um pouco o filme Diários de Motocicleta e aconteceu aqui, ao meu lado. Tobias é uma das pessoas mais humildes que eu conheço e nos inspira tanto! Como fomos os últimos a partir de Napa, eu pude passar umas horinhas conversando com ele sobre isso.
Porque às vezes a gente vê tantos problemas no mundo mas se sente tão impotente diante de tudo e ele simplesmente nos mostra que com vontade, a gente faz tudo. E que mudar é menos complicado do que a gente pensa. Ao contrário do estilo panfletário que muitos de nós ativistas temos, ele não prega ideologia nenhuma e se você não perguntar, ele nem fala sobre o assunto. Muitas pessoas politizadas costumam reclamar, falar, são ótimas na parte teórica mas na prática pouco fazem. Além de ajudar várias comunidades na Tailândia e Camboja, ele tem inspirado muita gente aqui a fazer o mesmo. Vários amigos estão indo pra Tailândia pra ajudá-lo nos projetos, pessoas que ele sente que estão procurando um sentido maior pra vida deles.
Ele disse que voltar pros EUA é sempre um desafio. Porque tem tanta coisa que ele quer fazer lá. É cada vez mais estranho pra ele voltar aqui e ver pessoas gastando dinheiro com coisas tão desnecessárias enquanto ele sabe que 20 dólares pode salvar a vida de uma pessoa lá.
Não páro de pensar sobre isto tudo.

segunda-feira, março 24, 2003

Declaração de uma baixinha inconformada

Every empire dig their own grave.
A partir de hoje não chamo mais de guerra. Detonar um território sem chance de contra-ataque, é massacre.
Todo dia penso na situação. Se houvesse uma saída pra mudar tudo isso... Como pode as pessoas tocarem suas vidas como se nada estivesse acontecendo? Talvez porque nunca passaram por um ataque como os iraquianos passam, vendo seus lares destruídos.
Meu ex-namorado, que mora numa base no Alabama, disse que está "pissed off"" com o que está acontecendo no Iraque. Antes ele não queria ir mas hoje ele gostaria de estar lá ajudando as tropas (quer o que de um cara que se amarra num filme de guerra?). "Como eles ousam?", ele disse. Quem? Os americanos? Sinto alívio por não estarmos juntos pois apesar de nos darmos bem afetivamente, creio que é inconcebível a união de 2 pessoas com ideoogias tão opostas.
Evito falar desse assunto com os que apóiam como ele porque não entendo (e acabo me exaltando). Por mais que eu me esforce, não consigo compreender como tanta gente concorda com essa violência, com essa violação dos direitos humanos. Como? Como aceitar essa invasão? Por dinheiro, por poder, por controle? Onde está a compaixão, o amor, o respeito ao próximo? Tento ter sempre "an open mind" mas sou incapaz de aceitar alguém que apóie este massacre.
Pode ser radicalismo de minha parte mas não sinto pena dos soldados americanos que estão lá. Foi opção deles. Sinto pena dos iraquiano, principalmente crianças que testemunham a morte, a barbárie, o medo, que não têm a chance de crescer num ambiente de harmonia ou de ser uma criança como todas as outras a brincarem nas ruas. Imagine você com 8 anos, recolhido em seu quarto, sem entender direito o que, nem o porquê...esperando...barulho de explosão...depois outra. A vizinhança se transforma em ruínas...à espera de pessoas estranhas falando uma língua esquisita. Você sabe o que é viver diariamente com medo?
Pela primeira vez não gosto mais de estar aqui. Não quero mais ser moradora de um lugar com tamanha distorção de justiça e bom senso. Tenho vergonha e quero partir.
Viajando um pouco...ainda há uma saída porque teoricamente hippies fazem mais filhos que soldados.