quinta-feira, setembro 29, 2005

Que cheiro é esse?

Estava dirigindo de volta pra casa depois de um loooongo dia e sinto um cheiro de queimado:

- deve ser um incêndio. Ué, mas não ouvi nenhuma sirene.
- já dirigi mais de 2 milhas e o cheiro continua. Será que é coisa da minha cabeça?
- peraí, será que é meu carro? Meu Deus, meu carro vai pegar fogo!
- pensando bem, tá na hora de aposentar essa lata velha mesmo. Não ter ar condicionado em Los Angeles é coisa de masoquista.
- mas meu carrinho é tão econômico.
- isso não é cheiro de motor queimado, é cheiro de madeira queimada.
- quando chegar em casa vou pro telhado do prédio ver se tem um incêndio por aqui.

Como eu passei a noite estudando e o dia (12 horas) fora de casa, dirigindo, trabalhando e estudando, estava por fora que desde a noite passada grande parte da cidade está em chamas. Fui dar um cheiro no Pimpy e se ele pudesse entrar ou sair de casa quando bem quisesse, eu ia achar que ele voltou de um luau, de tanto cheiro de fumaça que está no pêlo dele.

Até agora o rastro de incêndio é de 25km(!), só que está a milhas e milhas daqui e mesmo assim as cinzas e o cheiro de fumaça estão estão por toda parte. Essa semana choveu um dia depois de 4 meses sem um pingo. Imagina como está tudo seco.

sábado, setembro 24, 2005

"A vida como ela eh"

Eu estava lembrando de um post de um blogueiro famoso que eu li dia desses e me identifiquei bastante. Muita gente costumava dizer como minha vida é sempre cheia de aventuras, blábláblá. E por mais que isso seja jargão, nós mesmos é que fazemos nossa vida como ela é. Se você quer uma vida calma, você busca por isso. Se você não quer, você faz ser movimentada. Ou como o Alex diz, você pode ver algo interessante em tudo dependendo do seu modo de ver as coisas.

Isso me lembra as primeiras aulas de jornalismo sobre identificar uma notícia.

Semana passada fui na festa de aniversário de 30 anos da nossa hooper more, ou seja, nada mais nada menos do que a mulher que praticamente começou toda essa revolução na Califórnia de misturar dança com bambolê. E lá estavam todas as hoopers profissionais que se sustentam através dessa arte. E lógico que o papo muitas vezes rolavam em volta de... (quanta redundância) ...bambolê. Material, roupas, performances, enfim o business do hula hoop. É raro ver tantas profissionais juntas, por isso nunca tinha testemunhado um papo assim. Gostoso foi receber elogios porque meu estilo é bem diferente (não melhor ou pior) do delas.

O acontecimento interessante dessa semana foi documentar um longa-metragem de terror numa prisão desativada. Perfeito cenário pra filmes deste gênero, tanto que A Hora do Pesadelo foi filmado neste local. Algumas horas, com todos aqueles gritos e aquela escuridão, bateu um medinho. Quando foi fechada em 1965, era a principal cadeia da cidade e tinha 2800 prisioneiros. A energia do lugar é sinistra. As celas eram menores do que eu imaginava e provavelmente muita gente morreu nesta cadeia. De qualquer forma achei a experiência fascinante. Afinal não é todo dia que a gente vai parar num lugar assim e eu sempre tive esse gostinho por lugares abandonados como estações de trem, prédios, casas e agora até prisões.

E o Dan também não pára. Ontem ele foi numa palestra do Al Gore sobre o efeito estufa e voltou completamente impressionado e com mais vontade de ajudar o mundo. Até o amigão dele que votou no Bush está finalmente abrindo os olhos pra todos esses erros que o presidente bundão está cometendo. Adoro quando conscientizamos mais uma "alma perdida".

terça-feira, setembro 20, 2005

Curtas

*** Você pensa que é só no Brasil que tem epidemia de mosquito? Neste verão, 13 pessoas já morreram em Los Angeles, vítimas da Febre do oeste do Nilo transmitido pelo mosquito. A doença ainda não tem tratamento específico e causa danos no cérebro. Mais info.

*** Sempre quando tem um motorista ruim na minha frente, dou uma checada na pessoa e pimba! tá no celular. Ô praga! Praticamente todo mundo em LA passa o tempo todo falando no telefone enquanto dirige e lógico fazendo barbeiragem.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Crescer ou nao crescer?

Pela primeira vez na vida sinto que sou "gente grande". Quer dizer, não é a primeira, primeira. Tive essa sensação antes, em breves momentos, quando visitei a universidade que eu me formei pra ver como anda, e quando vejo essa molecada tomando porre e pagando mico. Mas agora ser gente grande está durando mais. Primeiro porque virei professora, segundo porque num dos meus trabalhos, eu preciso me vestir que nem mulher de negócios. Argh! Ai que saudade de trabalhar de jeans e tênis...
Ultimamente me vejo provando roupas que eu jamais compraria há um ano. (update) Até aposentei minha carteira estilo surfista que eu tenho há mais de 10 anos e comprei uma carteira mulherzinha com muitos lugares pra cartão de crédito. Mas é só no visual. Acho que a cabeça ainda não amadureceu.
Por outro lado voltei pra escola. Tirando os inúmeros deveres de casa, estou adorando ser estudante de novo. Tenho vontade de fazer vários cursos mas por enquanto: italiano, fotografia e design gráfico. No primeiro dia de aula eu ria sozinha. Acho que estou gostando mais agora do que 10 anos atrás. Participo mais, falo mais, estudo mais. Pensei que iria me sentir uma "tia" no meio da "molecada" mas tem gente de tudo quanto é idade e mais ainda, gente de tudo quanto é lugar do mundo.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Repressao em Utah

Depois de assistirmos toda essa história do furacão Katrina, teve um evento há um mês que mostrou a "eficiência" da Guarda Nacional.
Uma festa ou rave, como você preferir, a uma hora de Salt Lake City. Utah é o estado mais conservador dos EUA e praticamente um estado religioso onde 80% da população é mormon. O evento tinha 1500 pessoas e a expectativa era de 3000. Às 11:30 da noite, os helicópteros chegaram com soldados vestidos como se estivessem numa guerra, a guerra contra a diversão.
O problema é que os organizadores do evento tinham todos os alvarás da prefeitura pra realizar o evento. Tudo foi feito na lei. Os homens chegaram, acabaram com a música na hora e agrediram várias pessoas. Uma mulher baixinha como eu foi falar com os policiais e acabou sendo atacada pelos cachorros e ainda mais 3 soldados. Agora pra que tudo isso? Ninguém reagiu e esse é o tipo de público que de violento não tem nada.
Lógico que eles estavam procurando por drogas mas não justifica acabar com o evento e agredir tantas pessoas.
São nessas horas que eu acho que a polícia perde o sentido de existir. Ver pessoas em New Orleans esperando 5 dias por resgate e em uma hora conseguir helicópteros para acabar com uma festa que seguiu todas as regulamentações.

Mais sobre o assunto:
http://www.music-versus-guns.org/media.html
http://ravebust.castpost.com/
http://www.aymnetwork.com/

quarta-feira, setembro 07, 2005

A vida é feita de vícios


Assim que cheguei na Califórnia, fiquei na casa de um pessoal que tinha acabado de voltar do Burning Man. Eles só falavam de Burning Man o tempo todo até que a curiosidade atacou. Quando eles me mostraram as fotos, eu sabia que tinha que experimentar aquilo. No ano seguinte, peguei uma carona com um desconhecido através de um website, peguei uma barraca emprestada e lá fui eu, sem conhecer nada e ninguém. Loucura? Talvez, mas foi a melhor coisa que eu fiz neste país. Uma vez que você se envolve na comunidade é difícil sair. Meus amigos são "burners" e meu namoro começou lá no meio do deserto.
Tudo o que você quer é que chegue final de agosto pra estar lá novamente.
O festival terminou nesta segunda. Este ano foi a primeira vez que eu não fui e todo dia eu e o Dan falávamos alguma coisa sobre estar no deserto. Agora todo mundo volta com aquela cara de felicidade, bateria recarregada e de que estocou amor necessário pra enfrentar as dificuldades do dia-a-dia. E tudo que vamos ouvir neste mês é como foi maravilhoso estar lá.
Passou!

No entanto, não consigo parar de ver as fotos. É tanta arte, tanta inspiração, tanta criatividade. Eu amo esse pessoal. Foram poucas as vezes na minha vida que me senti tão parte de um grupo ao invés de "um peixe fora do aquário".
O Dan diz que ano que vem ele vai de qualquer jeito. Veremos.

UPDATE: Ouvi dizer que Sting estava acampado ao lado dos meus amigos. Existem apenas 2 artistas nesse mundo que eu tenho vontade de conhecer, por suas ideologias e por cumprirem um papel de cidadão: Sting e Bono.

Fotos by Rand e Jedi

domingo, setembro 04, 2005

Dia de domingo

Hoje o Dan ficou com preguiça de ir pra praia (1h pra chegar na praia que dá pra levar os cachorros) então resolvemos fazer um piquenique no Griffith Park, a maior parque da cidade. Nossa primeira tentativa de comer ao ar livre falhou porque uma abelha apareceu, 2, 3, 4, 5, um enxame. Parecia um filme que eu assisti quando era criança sobre as abelhas africanas assassinas. Tivemos que comer dentro do carro mas depois aproveitamos o sol e o Pimpy finalmente correu pra lá e pra cá. Sempre quis fazer piquenique no parque.

de olho na TV

A cada hora que passa a gente se assusta e se indigna mais com as notícias sobre New Orleans. Não páro de ver matérias na TV criticando o governo americano.
E o presidente: a situação é inaceitável. Ora seu presidente, vai catar coquinho.
Estranho! Antes deste furacão, sempre que a idéia de sair de LA me passava pela cabeça, N.O. era uma das cidades que eu cogitava. Tenho amigos lá, é uma cidade legal, bonita, cheia de baratas, gosto da arquitetura, muitas galerias de arte. Pois é, lá tem furacão, aqui tem terremoto. E nesse caso poderia ser tão ruim quanto porque 3/4 da população conseguiu evacuar. No caso de terremoto não teríamos essa chance.
E mesmo o país mais invidualista do mundo (bom, na Europa muitos países são assim também) ajuda muito as pessoas que estão refugiadas oferecendo transferência de universidade, comida, lugar pra ficar, trabalho, dinheiro.
Muito digno da Venezuela e Cuba em oferecer ajuda. É isso que sempre falo sobre como deve ser um país desenvolvido: mostrar que eles são melhores e mais responsáveis ao invés de ferrar com todo mundo e pensar em vingança.

Alguns blogs sobre o assunto:
LLL - de Alex Castro que tinha acabado de se mudar pra New Orleans
O Biscoito Fino e a Massa - Idelber
Buzz Machine - Jeff Jarvis
Stuck in sac - Leila
Bonassoli - Magoo
(P)arte - Ana
Coisas de Laurinha - Laura
Nothing simple is ever easy - Rosebud

sexta-feira, setembro 02, 2005

Vestido de noiva

A "sogra" passou uns dias por aqui. No primeiro dia estávamos num restaurante e ela veio com uma história de que comprou um vestido de noiva porque a melhor amiga estava vendendo. E o vestido é tão pequenininho que só caberia em uma pessoa que ela conhece. Minha nossa!! A mulher comprou um vestido de casamento pra mim????!!!!!! Ela é louca! Eu nunca tinha visto isso. Eu e o Dan nem falamos em casamento e ela já decidiu até o meu vestido. A gente não conseguia parar de rir e eu estou rindo até hoje. Vou falar o que?
Mesmo que eu e o Dan tivéssemos um casamento formal (o que não está nos meus planos), eu jamais pensei em casar com vestido de noiva. Pois é, eu não sou daquelas mulheres que sonham em casar de branco. Mesmo que eu tivesse uma festa de casamento, eu gostaria que fosse algo bem diferente (tipo uma rave no Tahiti?).

A culpa eh do governo

As pessoas usam muito este argumento como desculpa-chavão para todos os problemas da sociedade. Eu acho que nós também somos responsáveis mas no caso do Katrina eu posso dizer: "A culpa é do governo!". A Cruz Vermelha já recebeu mais de 100 milhões de dólares em doações. Botaram o exército pra impedir os saques nas ruas mas demoraram 5 dias pra providenciar alimentos pra quem ainda ficou em New Orleans. Na televisão, o que mais vemos são perguntas como "Por que o governo está levando tanto tempo pra tomar uma atitude?". Como é que pode um país tão egocêntrico como este ter tido tanta dificuldade pra chegar e ajudar uma cidade dentro do próprio país?