sexta-feira, novembro 23, 2007

Esses dias eu estava conversando com um amigo dos tempos de movimento estudantil e ele perguntou:

- Mas você não tem medo de um dia se arrepender de ter ficado aí, deixando seus projetos de comunicação de lado? Se arrepender de ter deixado seu país e depois perceber que é tarde demais?

Eu perdi essa coisa de raíz há muito tempo. Então porque eu nasci no Brasil, eu devo ficar no Brasil? Não me sinto somente brasileira, muito menos americana. Me sinto parte de algo maior do que apenas um país. Pela primeira vez tentei imaginar como seria minha vida hoje se eu tivesse ficado por lá. Não há uma imagem na cabeça, não faço a menor idéia.

Acho que este ano foi transitório e de aprendizado pra mim. Aqui aprendi a ser mais positiva, mais paciente, mais prática. Aprender a se comunicar numa cultura diferente da sua é fascinante e eu não quero dizer só o idioma mas a forma de se relacionar, de entender e ser entendido, de ler as entrelinhas, de respeitar as diferenças.

A principal satisfação em ter ficado foi a possibilidade de fazer parte de uma comunidade (os burners) na qual eu me identifico muito. Hoje em dia, tenho consciência desta minha necessidade de sentir parte de um todo e ao mesmo tempo, preservar minha individualidade. Com eles, vi que aqui também há muita gente espiritual, afetiva, solidária e liberal. Me envolvi com arte, dança e trabalhos humanitários desde ajudar mendigos através de atividades até vítimas de desastre através de reconstrução. Vi a aceitação das diferenças sem rotular os outros. Aprendi a doar mais. Aprendi a melhorar a auto-estima. Vi que apontar virtudes traz muito mais resultado que apontar defeitos. Conheci mulheres fortes, independentes, seguras e que de sexo frágil não têm nada.

Se eu não tivesse me envolvido com esta comunidade, provavelmente teria voltado pro Brasil. No entanto, não sei se teria a possibilidade de viver algo assim lá porque nunca conheci nada igual e no Brasil somos mais voltados para a família. E aqui estou 7 anos depois, sem ter feito dinheiro, sem carro novo ou casa mas de bem com a vida.

terça-feira, novembro 20, 2007

Contagem Regressiva

Se alguém me perguntasse uma das coisas que eu mais odeio, eu diria que é fazer mudança ou mala. Estou nessa função e enrolação o mês inteiro e eu mal comecei.Eu não sei o que acontece que eu não suporto fazer isso e a essa altura da vida eu já deveria estar bem acostumada.

Agora o que me intriga são os comentários de que esta não é apenas uma viagem pra visitar a família. Muita gente está achando que eu estou voltando pro Brasil de vez. Está todo mundo querendo me encontrar pra se despedir e tal. Eu não tenho planos de voltar a morar lá agora porque eu adoro aqui mas ao mesmo tempo estou com uma forte sensação de que algo vai acontecer nestes próximos meses. Espero que seja coisa boa. De fato, acredito que nossa vida acontece em ciclos de 7 anos e adivinha quanto tempo estou em LA? Lembro quando vim pra cá e nunca imaginaria que ficaria aqui, eu dizia que estava indo viajar por 3 meses.

Mais uma vez, os planos são de viajar por 3 meses. Saio daqui dia 29 e passo uns dias no Rio para me encontrar com os amigos do movimento estudantil. Depois fico um mês em Floripa e estou combinando de encontrar amigos de várias fases da minha vida: faculdade, 2º grau e galera da adolescência.

De qualquer forma, estou aberta pra novas aventuras. Por isso, estou entregando o meu apê e vendendo o carro. A verdade é que tenho uma capacidade enorme de me adaptar a novas situações. Se surgisse alguma outra oportunidade interessante de viver em outro lugar, creio que aceitaria. O que estou considerando é me mudar pra San Francisco na volta. Tantos anos que tenho vontade de fazer isto. Mas ficar no Brasil? Não imagino isso.

Do Brasil, desembarco no Peru em janeiro pois me voluntariei pra ajudar Pisco, cidade ao sul de Lima que foi destruída num terremoto em agosto. Sinto falta de fazer trabalhos humanitários. Na mesma época, vários amigos estão organizando um evento na Costa Rica para replantar árvores e recolher lixos das praias. Peru ou Costa Rica?

Em Pisco vou trabalhar com 2 ONGs que estão ajudando na reconstrução: Burners Without Borders e Hands On Disaster Response.

Depois disso, estou querendo fazer a trilha de 5 dias pra Machu Picchu mas é época de chuva e não sei se vai dar.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Enquete pra blogueiros(as)

Quando você escreve no seu blog, você escreve pra você mesmo ou pensa nos seus leitores?

Razão da minha pergunta e dos meus sumiços temporários é porque eu tenho um blog em inglês e o conteúdo daquele blog é bem diferente. No começo era só umas palavrinhas aqui, outras ali mas comecei a aparecer lá com mais frequência. Eu notei também que raramente escrevo nos dois blogs ao mesmo tempo. Ou fico meio por lá ou meio por aqui.
Fica num networking site, o Tribe. De todos os websites desse tipo, o Tribe é o mais interessante/útil na minha opinião. O Tribe virou meio que uma comunidade de burners (quem vai pro Burning Man) e como são meus amigos mais próximos e uma turma bem espiritual, a gente fala muito de sentimento, energia, pede conselhos, essas coisas. Digamos que o blog de lá são pra assuntos internos e o daqui pra assuntos externos. Funciona bem assim.

quarta-feira, novembro 14, 2007

O Vôo



Em fevereiro um dos meus amigos, que é instrutor de vôo, havia me convidado pra voar no planador dele. Eu adorei a idéia mas nessa enrolação de cidade grande a gente não conseguia conciliar um horário. Depois de enchê-lo tanto, finalmente neste último fim-de-semana nós voamos por Los Angeles durante uma hora e meia. Quando chegamos a 8000 pés, ele desligou o motor e ficamos planando por uns 20 minutos. E a cara de felicidade da menina aqui?

domingo, novembro 11, 2007

Mais um vídeo de bambolê

Acho que esse vai ser o último por um bom tempo. Neste verão fui entrevistada por um programa sobre imigrantes brasileiros pelo mundo, o Planeta Brasil da Globo Internacional. Foi estranho bambolear sem música mas interessante em ver como em 3 meses o estilo de dançar já mudou um pouco.
Assista o vídeo.