segunda-feira, janeiro 29, 2018

Minha Mãe

Linda!
Eu sempre me considerei uma pessoa preparada pra lidar com a morte porque afinal um dia todos iremos partir e a ideia da mortalidade é algo natural. Além disso, minha mãe já enfrentou várias situações de risco de vida, 9 pra ser mais preciso. Eu brincava que ela, como um gato, já tinha usado todas as vidas dela.

Agora vejo que nunca estamos realmente preparados. Dói muito ver a pessoa que você ama sofrendo de dor, tão fragilizada, ver a vida se esvair tão rapidamente, o brilhar dos olhos se apagando. Estou com muita dó dela. Fico no apartamento no meio das coisinhas dela relembrando tudo que vivemos.

Num hospital especializado em câncer, estou surpresa em ver a pobre alimentação dada aos pacientes: pão branco, arroz branco, geleia, margarina (um dos piores alimentos que existem), presunto (comprovado ser tão cancerígena quanto cigarro), sopa de legumes (não muito nutritiva). Eu sou um pouco obcecada por nutrição principalmente alimentos anticancerígenos. Oncologia integrativa é fundamental na recuperação de um paciente a meu ver e assistir isto sem poder fazer nada pois não é permitido trazer nada de fora, dói. 

Cheguei a pensar que morrer de câncer ao menos pode dar a oportunidade de dizer adeus e preparar o espírito pra passagem. Mas depois de ouvir algumas histórias no hospital é horrível ver o sofrimento que passam muitas pessoas em seus últimos dias gritando de dor a base de morfina. Se a gente poupa nossos bichinhos de passarem por mais sofrimento quando estão em vias de, por que prolongamos a vida dos humanos mesmo sem proporcionar nenhuma qualidade de vida. Não seria egoísmo da nossa parte?

E eu que achei que conseguiria trabalhar no meio dessa situação? Santa ingenuidade. Mas acho que devo tentar pra ocupar a cabeça e não me deixar levar completamente pela dor.

quarta-feira, janeiro 24, 2018

Desafios

5 da manhã
Não consigo dormir.
Nina não me deixa mais dormir direito pois precisa fazer xixi o tempo todo por causa da medicação. Minha mãe está internada.
E eu pensei que conseguiria alugar meu apê e ficar tranquila mas o proprietário não deixou. Como vou bancar aluguel, trabalhando menos e bancar a vida lá?
Tentando não me estressar e ao mesmo tempo encontrar soluções.

Desafios da vida...

segunda-feira, janeiro 22, 2018

Overdose de Mídia

Hoje em dia tem tanta mídia social que nem sei onde postar: Facebook, blog, Instagram, Twitter, Whatsapp, Marco Polo...vixe!

Faz exatamente 4 anos que não vou pro Brasil. Estou nervosa. Será que eu consigo terminar tudo antes de ir? Espero que minha mãe aguente firme até eu chegar.

domingo, janeiro 21, 2018

Doenças e Necessidades

Tenho uma amiga aqui de 27 anos que está no estágio 4 de câncer. É muito triste ver alguém tão novo sofrendo desse jeito. 
Mas uma coisa que eu acho bonita é o envolvimento dos amigos no processo. Um grupo está criando um leilão de arte e uma garage sale pra arrecadar dinheiro, além dos 5 mil arrecadados no site. 

Os amigos visitam diariamente e ajudam no que for necessário e assim a família fica menos sobrecarregada. Quem não ajuda fisicamente, envia coisas que ela precisa como um travesseiro ou bandeja de cama.
Tem um website que se chama mealtrain.com que é uma forma de organizar as visitas onde cada um leva um prato para a pessoa ou pra família que está auxiliando em caso de cirurgia, doença ou parto.


E esse post é pra falar de uma diferença que sempre percebi entre aqui e o Brasil (generalizando uma vez mais). O americano é impressionante na questão ajuda prática. Eles sempre se mobilizam pra ajudar os outros no que for necessário FAZER. E os brasileiros na minha experiência têm sido melhores na questão força sentimental. Quando eu tive câncer, os amigos daqui me traziam refeições porque eu não podia ir ao supermercado e nem carregar peso. Mas quando rolou a depressão, foram as amigas brasileiras que deram mais força. É lógico que são generalizações com várias exceções.

Um exemplo disso é uma amiga da minha mãe que está sendo um anjo na vida dela, preparando comida, a levando no médico e tudo mais. Como eu amo essa mulher!
Se eu ficasse doente novamente onde seria melhor estar?

quarta-feira, janeiro 17, 2018

Primarada

Apesar de não ter muito contato com os parentes, percebo algumas características em comum com os primos.
Ao contrário de muitos amigos em Floripa, nenhum de nós casou muito cedo. Com exceção de um que teve filho na adolescência, até agora todos namoraram um tempão antes de casar e só os acima de 30 começaram a ter filhos. Família responsável essa.

domingo, janeiro 14, 2018

Paraíso em Luto

Não acompanho mais as notícias mas ontem soube de uma história muito triste no North Shore de Oahu. Uma paulista que morava lá desde os anos 90 foi brutalmente assassinada há um mês.
Telma Boinville foi encontrada morta numa poça de sangue na casa em que ela estava limpando pra chegada de uns turistas. Ela deu uma passada numa casa de aluguel de temporada para deixar pronta pois faltavam uns últimos detalhes. De acordo com o marido era coisa de 10 minutos. Por isso deixou a filha de 8 anos no carro esperando. Os turistas encontraram o corpo de Telma e a filha amarrada num outro quarto.
O casal de assassinos foi encontrado logo graças às redes sociais.
Eu não sei exatamente em que casa ela foi encontrada mas foi bem na área que morei no inverno de 2001. Quem conhece a tranquilidade do North Shore, sabe que uma notícia dessa é algo muito além do excepcional. Eu acredito que devo ter conhecido a Telma quando morava lá pois é uma comunidade pequena mas já faz tanto tempo e eu não lembro.
Muito triste esta história.

quinta-feira, janeiro 11, 2018

Contra o Tempo

- fazer passaporte brasileiro
- cuidar da Nina
- trabalho
- reunião de trabalho
- dar aula
- responder email dos estudantes
- deixar tudo limpinho e organizado antes de partir (eita desafio)
- definir o que deve ser guardado
- fazer mala e o que levar
- encontrar alguém de confiança pra alugar
- fazer imposto de renda
- comprar passagem
- trocar de telefone

Minha mãe foi pro hospital hoje.
Preocupada e estressada eu? Imagina!

domingo, janeiro 07, 2018

E de repente em 2018...

... a vida começa de pernas pro ar.

Em terras nórdicas, tive meu 2º Reveillon branco. Mais do que uma festa, fizemos trabalhos de visualização e intenção. Foi lindo e exatamente da forma que gostaria de comemorar. E pensar que quase não fui porque tinha muita gente confirmada.
No segundo dia do ano recebo o meu resultado genético que mostra que sou 97,5% de origem europeia. E eu que sempre achei que era mais misturada ao invés de apenas 1,6% origem indígena. Além disso, sempre me identifiquei como descendente italiana mas o que tenho mais forte é ibérico (português, claro) e franco-alemão. Por essa eu não esperava.
No terceiro dia recebo a confirmação de que minha mãe está com câncer pela 4ª vez e que dessa vez o tumor é grande. Tento manter a calma pra não deixar a praticidade se esvair por conta do emocional. Minha mãe e minha cachorra são as únicas conexões familiares que tenho nesse mundo e as 2 estão muito doentes. É difícil deixar a Nina com alguém agora por causa de toda medicação, os sintomas e porque ela precisa evitar tensão. Espero que minha cachorra aguente viva até eu voltar.
E por falar em tensão, e o nervosismo de preparar meu cantinho pra ser sublocado? Não me sinto bem com a ideia de alguém ficar aqui mas não há como bancar tudo enquanto estou longe. Acho que em geral as pessoas não são cuidadosas com as coisas dos outros. O que pega é que tenho pavor absoluto de empacotar coisas. Preciso guardar muita coisa pra dar espaço pra quem ficar aqui (se eu encontrar alguém).
2017 foi um ano mais calmo mas 2018 já começam os desafios. Hora de ser forte novamente e encarar de frente.