quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Skunk

Dois anos atrás saí do burburinho de Hollywood e vim morar em Eagle Rock, um bairro em Los Angeles no qual quase ninguém sabe onde fica.
O que dizer de Eagle Rock? Nos anos 80 era um pouco perigoso por causa das gangues mas após os anos 90 passou por uma gentrificação*. É um lugar meio ilhado, meio funky/artsy, meio cidade do interior. Dizem que é cheio de artistas e outros tipos alternativos. Pra mim não parece muito. Mas é o único lugar na cidade onde as pessoas usam adesivos no carro mostrando o amor pelo lugar tipo "I love Eagle Rock".
Além disso, é cheio de animais como coiote, "possum" (timbu), guaxinim e até coelho. No entanto eu costumo dizer que Eagle Rock é a capital nacional dos gambás. É só sair da rodovia e no acesso a gente já sente o cheiro de gambá. Toda semana tem um lugar no bairro em que sentimos o cheiro. Eles até são bonitinhos mas no ano passado quase morri com um vivendo embaixo do meu quarto. Passei uma semana sem dormir.
Eu sempre fico imaginando quem será o predador do gambá. Qual é o animal que consegue comer uma criatura tão fedorenta? O cheiro dele fica impregnado por meses. Um amigo disse que os ursos nem chegam muito perto. Essa semana meu cachorro Pimpy levou um spray bem na cara. Vomitou e não conseguia respirar direito por alguns minutos. Já é a terceira vez e geralmente leva 2 meses pra sair o cheiro.

* No Wikipedia, chama-se gentrificação (neologismo que ainda não consta dos dicionários de português) ou enobrecimento urbano, de acordo com algumas traduções, a um conjunto de processos de transformação do espaço urbano que ocorre, com ou sem intervenção governamental, nas mais variadas cidades do mundo.

A Outra

Eu sei que é horrível julgar atitudes alheias e eu estava evitando escrever sobre isso porque tenho amigas nesta posição mas vamos lá.

Muitos anos atrás, assim que eu e meu primeiro namorado em LA terminamos, eu comecei a andar muito com um casal. Queria ficar um pouco longe de tanta azaração de homem, então achei que aquela situação era ideal. A gente vivia pra lá e pra cá. Rolava umas conversas super profundas e até fizemos uma viagem de uma semana pela Califórnia. Eles já estavam há dez anos juntos. Um certo dia, ela me contou que depois de várias conversas, eles tinham resolvido ter uma relação aberta e por isso ela ficava com outras mulheres. Eu sempre fui muito clara em relação a tudo isso, ao menos eu pensava que era.
Quatro meses depois, o cara aparece na minha casa. Conversa vai, conversa vem e o cara me solta essa:
- O negócio é o seguinte. Gosto de conversar contigo mas hoje estou com muito tesão. Vai rolar ou não?

Gente, eu fiquei boquiaberta. Nem sabia o que dizer. Será que depois de 4 meses, ele não tinha sacado que essa não era a minha história? Pelo jeito não.
Eu disse que esse negócio de ser a outra não era comigo. Ele saiu fora e não nos falamos mais. Nunca entendi porque ele ficou puto. Orgulho de macho? Decepção por ter "investido" 4 meses em vão?
Dois anos depois resolvemos ter um almoço pra conversar sobre isso e o clima mais uma vez ficou chato e não adiantou nada. Nunca mais os vi.

Ano passado também andei grudada com um casal que vive uma relação aberta e resolvi dizer logo que esse negócio de não ser a número um não é comigo. Não houve stress.

Nesse caso, tinha o consentimento das namoradas mas ainda assim não consigo me imaginar no papel de amante. Tenho amigas(os) que não tem o menor problema em ficar com alguém comprometido. Aliás, tenho amigas que até preferem caras comprometidos porque assim eles não ficam no pé. Eu sempre tive dificuldades de entender isso. Não sei, talvez eu seja "careta", romântica ou simplesmente sempre tentei seguir o ditado "não faça com os outros o que não quero que façam comigo". Tem tanto homem no mundo. Pra que vou querer um que eu precise viver na mentira? Quero uma relação mútua. Na verdade, eu não me sentiria bem numa situação dessa. O pior é que quem se dá bem é o homem, que na maioria das vezes não se separa da "oficial" e caso separe é pra ficar com a amante. Ficar sozinho é difícil. Enquanto isso, a esposa/namorada foi enganada, no meio de uma mentira e a amante sonhando com o dia em que vai te-lo só pra ela. Uma das duas sempre acaba sofrendo. Por que a mulher se sujeita a isso? Por que a mulher dá o poder pro homem? Ainda não cheguei a conclusão se este tipo de atitude é egoísmo (dane-se os outros, eu quero é me dar bem) ou se a mulher não se dá o valor que merece.

Dia desses conversei com um cara casado que tem uma "namorada". Ele parece até bem apaixonado pela outra mas quando fui conversar com ele, ele deu a entender que é temporário, coisa de tesão e que ele jamais largaria a esposa. Não é um lance de crise conjugal, dúvidas na relação. Não, ele só está afim de uma aventura. Fico com pena das duas mulheres que parecem ser pessoas fantásticas. Por que a gente fica "burra" quando gosta? Nessas horas eu me sinto tão feminista e a vontade que dá é de alertar a esposa.

Aliás, a mesma coisa aconteceu com outros amigos mas ao contrário. Uma menina transando com 2 grandes amigos meus. Quando meu melhor amigo veio me dizer que estava se apaixonando por ela, eu não aguentei. Contei tudo o que estava rolando. Eu simplesmente não consegui me calar ao ver um cara tão gente boa fazendo papel de otário e ela fazendo joguinho com os dois. Eu não gosto de ficar de cúmplice numa situação dessa.

Eu achei muito legal a atitude de uma amiga que morre de tesão por um cara do trabalho. Ele sabe e por isso fica dando em cima dela. O cara nunca foi fiel a uma namorada sequer. Ela disse: por que você se põe nessa posição se isto não faz parte da sua natureza? Por que você não assume o que realmente é? No dia que você estiver sozinho, pode me ligar.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Hoje tem Cinema Brasileiro

De hoje (4) a domingo acontece o 2º Hollywood Brazilian Film Festival. O festival conta com 7 filmes e o único que ouvi falar foi O Pagador de Promessas. Ando por fora do circuito mesmo.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Noivados

Tá, no post anterior eu disse que iria parar com as comparações mas aqui vai outra (sem contar pra Dawna). Aliás, o que estou fazendo acordada às 2 da manhã? Também, depois de várias xícaras de chá preto e o início tão aguardado da última temporada de Lost, cheguei em casa a mil.

Hoje estava conversando com uma aluna sobre pedidos de noivado já que meu amigo na Flórida está preparando algo especial pra namorada e minha amiga no Texas acabou de noivar também(foto). A minha aluna que é casada com um brasileiro, disse que o marido se virou no meio da noite e disse: quer casar? Depois compraram o anel pela internet e pronto. No Brasil, não lembro de ninguém preparar algo especial pra pedir a mão de alguém. Tudo muito casual. Aliás, noivar já nem parece tão comum.

Aqui pedir a mão em casamento continua uma tradição. O homem geralmente prepara algo especial, se ajoelha, entrega o anel, fim-de-semana especial, essas coisas todas.

E você? Como foi?

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Péssima mania

Tenho que parar com essa mania de criticar o Brasil pros brasileiros e criticar os EUA pros americanos. Adoro a honestidade da minha amiga Dawna que veio dizer que eu soo como se não gostasse daqui, o que não é nem um pouco verdade. Que mania de ser do contra! Ela disse que talvez seja a mentalidade do viajante já que ela fez a mesma coisa quando esteve agora na Índia. De qualquer forma, vou tentar parar com as comparações.

Mais alunos

Às vezes me impressiono com a sincronia dos acontecimentos. O namorado partiu de manhã e no mesmo dia fechei uma aula que vou ensinar por um longo período. Justamente quando tive mais tempo e estava desesperadamente precisando de mais trabalho. O novo aluno é um garoto albanês que vai se mudar pro Amazonas. Além disso, também estou com um aluno de Molokai, uma das ilhas havaianas que pouca gente ouve falar. O legal disto tudo é que aprendo tanto quanto ensino. Esta semana, o albanês contou um pouco sobre a guerra civil da Albânia nos anos 90 e o havaiano sobre a história das ilhas e como se tornou parte dos EUA. Isso sim é que é trabalho.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Hoopies Award


Estão pensando que hooping é brincadeira, é? Pois é mesmo mas nós hoopers levamos a sério. Esta semana saiu o resultado da terceira edição do Hoopies Award.
Já está mais do que na hora de eu pegar meu bambolê que ficou de lado nos últimos 3 meses.

domingo, janeiro 17, 2010

Despedidas e recuperações

Hoje é dia de despedida.
E também de começar a me recuperar de uma infecção no ouvido. Eu sempre me tratava no Brasil com homeopatia mas aqui é a primeira vez que faço isso. Apesar da recuperação ser mais lenta, meu corpo agradece. Eu sempre fico mal com antibiótico.
Estou tomando umas ervas chinesas receitadas pela minha amiga doutora. Ontem fiquei na função de achar médico e uma baita indecisão de ir numa clínica onde eles olham seu ouvido por 2 seg e e receitam um antibiótico ou ir na minha amiga pegar essas ervas. Até agora acho que fiz a escolha certa.

E o Haiti?
Já não bastasse a situação politico-econômica precária do país, o Haiti foi castigado por um furacão no ano passado. E agora este terremoto. Fiquei prestando atenção na cobertura americana e brasileira. A imprensa brasileira se concentra muito nos brasileiros que estavam lá.
O Tobias nos passou 2 artigos interessantes (em inglês):
The Underlying Tragedy
Where will all the money go?
O interessante tem sido a mobilização aqui nos EUA. Acredito que boa parte dos amigos já doaram à causa.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Oath Cerimony

Agora sou americana total, sul-americana e norte-americana.

Depois de quase 10 anos neste país, hoje foi o dia da minha cerimônia para se tornar cidadã dos Estados Unidos.

Junto comigo, mais de 3 mil estrangeiros se reuniram no centro de convenções para receber o Certificado de Naturalização. A fila e a espera foram grandes mas o processo foi rápido. Tivemos o juramento, depois várias informações sobre passaporte e registro para votar, um vídeo do Obama, uma canção brega e uma pessoa que cantou o hino.

Eu não estava me importando muito com essa história de cidadania mas agora sinto um gosto de conquista. Afinal, foi um longo processo de espera, de adaptação e de dinheiro gasto. Valeu!
A propósito, quem me conhece sabe que nunca me senti marginalizada e sempre fui tratada com muito respeito pelos americanos. Tenho muita coisa a agradecer a esse povo que me acolheu bem e que dá oportunidades a quem corre atrás.

terça-feira, dezembro 29, 2009

Sempre na estrada entre feriados


Estou na estrada desde o Natal. É a terceira vez que faço esta viagem.
No dia do Natal fomos para o Yosemite National Park visitar a Débora e o Jared. Apesar de ser a terceira vez no parque, esta foi a primeira vez que curti pra valer. Na primeira passamos rapidamente de carro e na segunda, teve o acidente do Pimpy quando ele caiu do terceiro andar de um prédio.
Desta vez tivemos um jantar de Natal com os funcionários do parque. No dia seguinte fizemos uma caminhada por uma das trilhas e conhecemos o hotel que é lindo. No terceiro nevou e vi o Duda com cara de que ganhou presente do Papai Noel porque fomos fazer snowboard e acho que foi um dos melhores momentos da viagem pra ele.
Ontem chegamos em San Francisco, minha cidade maravilhosa. Depois conto mais.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

White Elephant and Secret Santa

Nessa época é sempre aquela correria de compras, trocar presentes, etc. Desde que saí do Brasil, eu me desligo cada vez mais dessa data. Ultimamente nem cartão eu tenho mandado. E as lojas então? Fico apavorada com tanta fila e tento ficar o mais longe possível.
Ainda assim, aqui tem mais troca de presentes do que tinha no Brasil. Fui convidada para 5 este ano. Não vou participar de todos. Geralmente o pessoal leva mais na brincadeira porque é mais uma forma de se reunir do que gastar muita grana e muita gente reutiliza presentes de outros anos.

Secret Santa - no Brasil chamado de amigo oculto, amigo secreto ou amigo invisível

White Elephant - esse é mais popular já que é difícil reunir as pessoas pra sortear nomes. Todo mundo leva um presente. Cada um pega um número dependendo do número de participantes e as pessoas escolhem por ordem. Você pode ou pegar um presente embaixo da árvore ou roubar o presente que alguém já abriu.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Thanksgiving

Novamente passei essa data no deserto. Ano passado acampei em 29 Palms e este ano fiquei em Palm Desert, a 2 horas de Los Angeles. Desta vez sem congelar muito porque ficamos na casa da Dawna e do Kai, amigos de longa data.
Entre os 15 convidados, a maioria americanos, também tinha 3 alemães, 2 brasileiros e um indiano. E a criatividade dos nossos anfitriões fez o jantar ainda mais especial. Eles pintaram 2 portas que serviram de mesa e todos nós tínhamos lugar marcado com desenhos da gente. No dia seguinte também preparamos um jantar indiano coordenado pelo Sai. Todo mundo ajudou a cozinhar e todos saíram chorando de tão apimentado que era.
O único dia de congelar foi quando fomos ao Parque Joshua Tree e nevou. Nossa caminhada não durou muito tempo, já que ninguém imaginou que estivesse tão frio.
Valeu! Esse foi o meu melhor Thanksgiving.