sexta-feira, julho 09, 2010

Estupro em Floripa

Evitei mas não tem como não falar desse caso. Dei uma de imprensa catarinense e esperei o que a mídia tinha a dizer sobre esta história. Li e vi matérias na RicRecord, na UOL, em blogs, na RBS TV, enfim queria ver o tratamento dado.
Se você não sabe do que estou falando, uma menina de 13 ou 14 anos do Colégio Catarinense - onde estudei - registrou queixa de estupro cometido por 2 ou 3 garotos da mesma idade. O que chamou a atenção é que todos eles são da alta sociedade de Florianópolis. Um dos acusados é o ex-namorado e filho de um delegado. O outro nada menos que o filho do diretor da RBS, uma das maiores empresas de comunicação no Brasil. O bafafá corre há um tempo na cidade e começou com um e-mail mandado por um "grupo de mães" do colégio onde a jovem estuda. O crime aconteceu em maio e somente 40 dias depois a imprensa divulgou.



E eu lógico quero dar o pitaco nessa história por aqui já que não estou nas rodas em Floripa discutindo o assunto. Vamos aos pontos.

1) Já li várias informações diferentes desde a idade, o número de agressores ou se ela estava dopada ou apenas bêbada. 

2) Na carta das mães, elas criticam o colégio e os responsabilizam de serem permissivos em relação a drogas, gangues, sexo ou o que for. Sinto muito mas estudei lá e discordo completamente. Em todas as escolas há presença de drogas. Não há como controlar isso a não ser que coloquem cães farejadores na entrada. Não gostei de estudar no Catarinense justamente pelo excesso de disciplina e controle já que o colégio anterior no Rio de Janeiro jogava mais responsabilidade nas mãos do estudante. Envolver o nome do colégio nesse caso é irresponsável pois o crime não ocorreu no local.

3) Li num blog de uma antropóloga (links abaixo) sobre o cuidado de expor essa menina, de quao traumático já é pra ela. Gostei muito do texto dela. Não posso imaginar o que essa menina está passando e não sei se é possível superar um trauma desse. Quase fui vítima de abuso uma vez e fiz questão de que todo mundo naquele evento soubesse do que aconteceu. A dor na hora era tão grande que eu queria muito que o canalha pagasse pelo erro. Como consequência ele foi banido da nossa comunidade. Se eu ficasse quieta, ele continuaria humilhando outras mulheres. Claro que é bem diferente de estupro mas talvez seja a única chance dessa história não passar impune já que claramente foi abafada pela RBS e pela polícia.  

4) Que declaração infeliz desse delegado: “Eu não posso dizer que houve estupro. Houve a conjunção carnal. Houve o ato. Agora, se foi concedido ou não, se foi na marra eu não posso fazer esse comentário porque eu não estava presente”. Lógico, deve ser colega de trabalho do pai do acusado. Não vai falar mal do filho do amigo. Além do mais, quantas vezes já vimos comentários insinuando que a mulher provocou? Grrrrr! O moleque já declarou o crime na internet, o ato foi provado, a menina estava machucada. Qualé, seu delegado?
Mais uma vez, quando passei por aquela história e contei pra pessoa que eu estava no momento, ele perguntou se eu não dei mole. Eu mesma já cheguei a ter pensamentos machistas como este no passado mas quando é na tua pele, esses comentários doem, e muito. 

5) Como o caso Eliza também teve envolvimento de menor, eu estava prestando atenção no tratamento dado ao garoto. E é isso que estou curiosa. Além de serem filhos de gente influente e rica, ainda por cima são de menores. Mesmo que sejam considerados culpados, que tipo de punição eles podem receber? E mesmo que sejam culpados, será que a posição social vai falar mais alto novamente?

Links:
Texto da socióloga Flávia de Mattos Motta
Opinião de Luiz Carlos Azenha sobre a declaração do delegado

Um outro caso de estupro que me chocou muito aconteceu no ano passado em Richmond, norte da Califórnia onde uma jovem de 15 anos foi atacada por vários garotos. Muitos passaram pelo local, viram o que estava acontecendo e não fizeram nada. Até onde consegui acompanhar, 5 meninos foram presos e mesmo sendo de menores podem ser condenados a prisão perpétua sem direito a condicional. Sim, acho que menores devem pagar por crimes graves.

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