Quando cheguei em Índio, cidade no meio do deserto na Califórnia há 3 ou 4 horas de LA, fiquei me perguntando se eu deveria mesmo ter ido. Calor de 38ºC e no domingo 41ºC. Já tinha ido no ano passado e jurado que não iria mais porque já não estou mais no clima desses festivais comerciais, o clima da galera não me encanta. Culpa de um outro festival no deserto com poucas regras, sem hierarquias e nem comércio.
A caravana: eu, Dan, Vanessa e Marco Túlio.
O primeiro show que assistimos foi Beck, improvisado e acústico. Beck não estava agendado pra tocar no Coachella mas imagino que ele deve ter pensado: "Radiohead e Pixies tocando? Ingressos esgotados? Bem, vou lá, faço uma palhinha e assisto os shows." Tentou fazer música com um Game Boy e ainda chamou um pessoal da platéia pra tocar com ele.
A parte difícil do Coachella, além do calor, é que existem 5 palcos com shows simultâneos. E geralmente as 2 bandas que a gente gosta estão tocando ao mesmo tempo, no meu caso e dos meus amigos: rock e música eletrônica. Perdi Crystal Method, Mark Farina, Paul Van Dyk, Basement Jaxx.
Depois de horas tentando se aproximar do palco, assistindo Sparta, eu entendi porque estava lá. Assistir Pixies a 10 metros de distância não tem preço. Um dos poucos shows que conheço todas as músicas, todas as letras. Acho que nunca houve um caso na história do rock em que a banda ganha mais sucesso depois que termina, com todos os integrantes vivos e decidem voltar depois de 12 anos. Pixies foi o pré-grunge e influenciou muitos músicos incluindo Kurt Cobain e Thom York do Radiohead. Passei o fim-de-semana imaginando porque eles resolveram tocar de novo. Apesar de ter amado o show, dá pra perceber que não há muita harmonia entre eles. Será que voltaram apenas pra uma turnê no verão ou vão voltar ao estúdio? O público vibrava cada vez que Kim Deal cantava, isso sim é que é roqueira com o cigarro jogado no canto da boca, com aquele sorriso meio sarcástico, meio doce. A única música que eu senti falta foi "I bleed". VALEU!!!
Radiohead é a banda favorita do Dan. Na primeira semana que estávamos juntos, ele me levou pro show deles. Achei mais ou menos. O lance é que não curto show quando estou longe e só vejo aquelas figurinhas em miniatura no palco, isso quando vejo por causa da minha grande estatura. Estar lá na frente com aquele pu... calor, nhaca fud..., perdendo os outros shows tem que ser fã mesmo. O pessoal em volta vira amigo, todo mundo se ajuda, conversa enquanto espera, bebe junto, fuma junto, tudo em sintonia. Durante 3 horas viramos uma grande família. Me diverti assistindo Thom York dançando freneticamente (bem ao estilo inglês de ser), brincando com a câmera, o show de luzes, a produção e as músicas que hoje em dia conheço bem melhor. Rock progressivo, psicodélico, moderno, alucinógino, alucinante. Virei fã.
Botar Kraftwerk depois de Pixies & Radiohead é quase um crime. O show desses verruckt (?) alemães valeria o ingresso sozinho mas estávamos exaustos depois de tanta adrenalina. Produção hi-tech: robôs, vídeos, iluminação, figuras expressionistas do lado de fora da tenda.
Isso tudo num só dia. O domingo fica pra depois.
terça-feira, maio 04, 2004
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