quinta-feira, setembro 25, 2003

Uma das melhores noticias deste ano:

Tribunal anula execução de nigeriana condenada ao apedrejamento


LAGOS - Um Tribunal Islâmico de Apelação rejeitou hoje, devido à existência de 'falhas técnicas' no processo, a condenação à morte por apedrejamento decretada no ano passado contra a nigeriana Amina Lawal por ter ficado grávida sem estar casada.
A mulher, uma divorciada de 31 anos, foi condenada a ser enterrada até as axilas e ser morta a pedradas depois de ser denunciada pelos moradores da aldeia de Kurami por ter dado à luz em janeiro de 2002 Wasila, seu quinto filho, sem estar casada.
Lawal foi sentenciada depois de admitir que tinha ficado grávida após divorciar-se de seu segundo marido, o que a convertia em uma adúltera segundo a lei islâmica (sharia) em vigor em 12 dos 18 estados do norte da Nigéria. O suposto pai da menina, Yahaya Mohamed, que segundo Lawal tinha prometido casar-se com ela, foi absolvido por 'falta de provas'.
A implantação da 'sharia' criou grandes divisões na Nigéria, o país mais populoso da África com 130 milhões de habitantes. Praticamente 50% da população, que vivem no norte, praticam o islamismo, e os outros 50%, religiões cristãs e animistas no sul do país. As diferenças religiosas causaram graves enfrentamentos, como os ocorridos em 2000 no estado de Kaduna (norte), onde morreram quase duas mil pessoas e muitas casas, mesquitas e templos foram incendiados.
Os incidentes se repetiram no ano passado em menor escala, mas mais de duzentas pessoas morreram devido à rejeição dos muçulmanos à realização, pela primeira vez no país, do concurso de Miss Mundo.


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