terça-feira, setembro 26, 2017

Como vim parar nos EUA?

Em 15 anos de blog tenho certeza que já comentei esta história. Eu sempre fui super militante quando morava no Brasil e de tendência altamente socialista. Minha primeira manifestação foi na 7ª série. Fui presidente do centro acadêmico na faculdade por 2 anos, Secretária de Relações Internacionais da Executiva Nacional, representante estadual dos estudantes no congresso dos jornalistas, participei do Congresso da UNE e até organizei ensandecida um encontro estudantil para mil pessoas.
Por isso tudo, jamais imaginei morar nos Estados Unidos. Nunca foi meu sonho parar na meca capitalista. Quando eu era criança, costumava dizer que se as pessoas boas saíssem do Brasil não ficaria gente honesta pra melhorar o país.

Daí virei jornalista, apaixonada por línguas, queria ser fluente em inglês e tentei passar um tempo na Austrália ou Inglaterra. Não deu. A oportunidade surgiu aqui. A intenção era ficar só alguns meses e vim cheia de preconceitos pra Terra do Tio Sam. Alguns dos estereótipos que eu tinha se confirmaram mas também abri minha cabeça para uma nova realidade.
Depois desse meu histórico, é louco imaginar que virei cidadã americana. Nossos pensamentos mudam no decorrer da vida. Alguns sonhos continuam, outros se transformam. Deixei de me considerar parte de um lugar só.
Ainda quero ver um Brasil melhor mas sem perceber, fui gradualmente me acostumando a um lugar com mais segurança, mais respeito, menos machismo, menos burocracia e fui me dando conta que pensar em si e buscar qualidade de vida não é de todo mal. Nenhum lugar é perfeito mas a Califórnia combinou com meu estilo de vida no momento que vim pra cá.

Agora menos da metade do país elegeu um louco-rude-narcisista e muitos de nós estamos extremamente frustrados. Ontem a mídia falou de uma possível guerra. Os americanos vão continuar aqui pois é a cultura deles. No entanto, eu já sonho com um lugar mais digno, um lugar menos alimentado pela cultura do medo, um lugar mais justo com os cidadãos. Assisti mais uma vez o documentário do Michael Moore Where to Invade Next e a Europa soa cada vez melhor onde há educação, segurança, boa estrutura e um sistema de saúde melhor.
Mas são sonhos, nada de planos concretos. Me comprometi a ficar por aqui pra não separar minha cachorra do pai dela porque nós dois somos loucos por ela e ela não vai viver por muito tempo. Estou curtindo muito meu novo trabalho no YouTube e gosto muito de dar aulas nesta cidade ensolarada mas essa confusão com líder da Coreia do Norte me causa um certo estado de preocupação. Não quero isso.

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