segunda-feira, janeiro 02, 2006

Pra que comparar?

Sei que é meio inevitável para o imigrante comparar o país de onde veio e o país onde mora. Mas às vezes me irrito um pouco com isso.
Tem uma lista no Orkut de brasileiros nos Estados Unidos que grande parte dos tópicos são ou de gente criticando o Brasil, de gente criticando os EUA ou comparando os dois. Ficou cansativo. As pessoas têm uma imensa dificuldade de se adaptarem a uma nova situação ou de enfrentarem riscos. Ficam vivendo no passado ao invés de olharem novos aspectos com positividade.
No começo quando a gente está na fase de adaptação não tem como não comparar e sentir saudades da família, amigos, comida mas alguns passam anos nessa fase. Não gosto de ouvir brasileiro criticando os EUA ou de americano criticando o Brasil. Pior ainda são aqueles que nunca passaram pelo menos 2 anos no outro país. As críticas que eu digo são em relação ao modo de vida, as generalizações, não de uma notícia que tenha lido, por exemplo. É tão fácil pras pessoas julgarem o que não conhecem.
Alguns exemplos de comparação ou generalização:
- falar que o imigrante é tratado com preconceito nos EUA como se o Brasil fosse completamente diferente. Ora, não me venham com essa. Os próprios imigrantes fazem questão de não se misturarem. Aqui em Los Angeles tem bairros como Chinatown ou Korea Town que até as placas comerciais não são em inglês, sem contar as pessoas que não fazem a menor questão de aprender inglês. E o governo oferece aulas de inglês DE GRAÇA. Como comparar um país que recebe milhares de imigrantes POR DIA? A imigração no Brasil, hoje em dia, é mínima. Ainda assim, olha o preconceito contra o nordestino em São Paulo.
- "americano é frio". Depende. Não sinto muita diferença com o sul do Brasil. Em geral, eles demoram mais a se aproximar mas depois que são amigos, são pro que der e vier. Te ajudam a pintar a casa se precisam. Te levam no aeroporto. Ajudam a fazer mudança.

Que outras generalizações você sabe? Qual a sua impressão sobre isso?

Eu gosto do Brasil e gosto dos Estados Unidos. Acabei ficando por vários motivos mas simplesmente me senti mais feliz aqui do que lá. É isso que importa: felicidade. Passar a vida criticando ou julgando não parece contribuir muito pra isso.

UPDATE
Outras generalizações que eu presenciei na terrinha:

um primo dizendo: odeio americano!! E nunca saiu de Floripa e acho que nunca conheceu um americano.

um ex-colega de trabalho dizendo que a menina que acabou de voltar da Itália e já comprou um carro, provavelmente deve ter trabalhado como prostituta pra ter juntado dinheiro tão rápido.
quanto a essa questão, mesmo que essa menina tivesse trabalhado como protistuta (o que eu não acho que seja o caso) pra que esses comentários? deixa ela ser o que quiser.

uma outra foi a preocupação como a nossa ocupação profissional aqui. Acham que toda imigrante não consegue passar de baby-sitter ou faxineira.

3 comentários:

  1. Megui, assino embaixo do seu texto.

    E no Brasil, o imigrante é tratado com preconceito, ou com estranhamento. Cansei de presenciar isso, tanto em relação ao meu marido (que morou comigo no Rio 2 anos e meio) quanto a outros estrangeiros que conheci lá. Claro que as pessoas fazem amizade, brincam, etc, mas a discriminação existe assim mesmo.

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  2. Eu acho que comparar é natural ao ser humano. Eu por exemplo, acho que os doces brasileiros são melhores que os americanos. Por outro lado, prefiro o trânsito daqui ao do Rio, por exemplo. Porém, concordo contigo que alguém que nunca provou um doce americano ou dirigiu nos EUA não pode dizer algo mais além de besteira sobre o assunto. As opiniões positivas ou negativas não deixam de fazer parte da vida, o problema são as opiniões bestas.

    Abraços

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  3. Olá... migrando lá do blog da Denise, hehehe...

    Achei seu post muito interessante e concordo com seu ponto de vista, quando vc diz que na maioria das vezes sao os imigrantes que nao querem se "misturar". Vivo na Espanha e há uns anos o fluxo migracional de árabes tem sido imenso...mas eles nao querem se incorporar à nova cultura, ao novo estilo de vida europeo. Nao digo que devam perder seus costumes, mas o que nao devem fazer é viver em guetos, fechar em bairros e edifícios inteiros, nao ter interesse de aprender o idioma.

    Isso gera conflitos, é inevitável.

    Quanto às comparaçoes entre o país estrangeiro e o nosso, ja tô cansada, de ouvir isso... Agora mesmo tô preparando minhas malas pra ir visitar o Brasil. Tô naquela fase "amargada" de quem passou o natal e ano novo longe da família, que quer um pouquiho de calor, sobretudo da família... Mas isso nao quer dizer que eu nao AMEEEEEEEEEE minha Espanha!!!

    Ui, acho que exagerei.. :P

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