sábado, novembro 19, 2005

Human Translation

O principal motivo de ter ido pra Napa foi celebrar o aniversário de uma das pessoas mais incríveis que eu conheci nos últimos anos. Ele tem transformado a vida de muita gente, tanto aqui como na Ásia.
Resumindo como tudo começou, Tobias, como muito aventureiro, há 2 anos resolveu viajar de mochila pela Tailândia. Depois de um tempo na estrada, ele sentiu que essa vida de viajante não estava preenchendo um certo vazio. Afinal dizem que mochileiros estão sempre em busca de algo.
Até que ele conheceu uma pessoa que o levou a um orfanato de crianças portadoras de HIV. Passou um tempo nesse orfanato e depois disso acabou conhecendo uns monges budistas que pediram ajuda a ele pra reconstruir a represa da cidade. Ele não tinha 70 mil dólares mas disse que ia fazer o possível pra arrecadar esse dinheiro. Tobias tinha 23 anos e na época tinha acabado de se formar em arte. Ele fez uns desenhos e vendeu pelo E-bay pra dar o dinheiro ao orfanato. Foi o início do Human Translation, a organização que Tobias começou assim que ele voltou dessa viagem e desde então se envolveu completamente com esses projetos.
A história lembra um pouco o filme Diários de Motocicleta e aconteceu aqui, ao meu lado. Tobias é uma das pessoas mais humildes que eu conheço e nos inspira tanto! Como fomos os últimos a partir de Napa, eu pude passar umas horinhas conversando com ele sobre isso.
Porque às vezes a gente vê tantos problemas no mundo mas se sente tão impotente diante de tudo e ele simplesmente nos mostra que com vontade, a gente faz tudo. E que mudar é menos complicado do que a gente pensa. Ao contrário do estilo panfletário que muitos de nós ativistas temos, ele não prega ideologia nenhuma e se você não perguntar, ele nem fala sobre o assunto. Muitas pessoas politizadas costumam reclamar, falar, são ótimas na parte teórica mas na prática pouco fazem. Além de ajudar várias comunidades na Tailândia e Camboja, ele tem inspirado muita gente aqui a fazer o mesmo. Vários amigos estão indo pra Tailândia pra ajudá-lo nos projetos, pessoas que ele sente que estão procurando um sentido maior pra vida deles.
Ele disse que voltar pros EUA é sempre um desafio. Porque tem tanta coisa que ele quer fazer lá. É cada vez mais estranho pra ele voltar aqui e ver pessoas gastando dinheiro com coisas tão desnecessárias enquanto ele sabe que 20 dólares pode salvar a vida de uma pessoa lá.
Não páro de pensar sobre isto tudo.

6 comentários:

  1. obrigada Denise. Aqui em casa o link funcionou. Estranho.

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  2. Que lindo, Megui, eu vou mandar dinheiro pra essa fundação do Tobias.

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  3. eu tb nao paro de pensar nesses 20 dollares megui.. ainda agora no natal.. da nojo entrar na walmart ou num shopping.. eu estou me sentindo obrigada a comprar presentes de natal.. um monte de besteiras pra enfiar no fundo da gaveta... enquanto isso minha cabeça nao sai do brasil.. foda viver assim. beijao e valeu pelo toque... fe

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  4. Concordo com a avaliação do Tobias sobre o consumismo exagerado das nossas sociedades. Inclusive no próprio Brasil eu me surpreendia com a indiferença das pessoas pra pobreza. Na empresa onde trabalho tivemos uma campanha da United Way. Não teria prestado tanta atenção se não fosse o fato de uma secretária ter um filho autista que depende da ajuda deles. A história dela é de partir o coração. São essas pessoas que chamam a atenção que fazem a diferença. Não há argumento político que sirva contra isso.

    []s

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  5. Muito legal, Megui! Bacana o trabalho dele. Outra coisa pra se pensar é que às vezes quem precisa de ajuda está tão perto de nós que temos até dificuldade de perceber. Não estou dizendo que não se deva ajudar na Tailândia, pelo contrário - seria maravilhoso se mais americanos fizessem isso por seus semelhantes do outro lado do mundo, e mais brasileiros tb. O que quero dizer é que esse exercício do olhar em torno com diferentes "lentes" - teleobjetiva, grande angular... -é valioso. Uma abordagem não exclui a outra.
    Até breve! bj!

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  6. Eu entendo esse ponto, Dauro e claro, todo tipo de ajuda em qualquer lugar é válida. Eu sei muito bem disso. No caso do Tobias, tudo meio que aconteceu na frente dele e ele apenas seguiu o coração e mergulhou de cabeça. Uma causa toca mais que a outra.
    Você não precisa mudar para o outro lado do mundo mas ao mesmo tempo, a gente não vê muita gente abrir mão do conforto e segurança em troca de uma vida assim.
    Mas eu acredito que tudo que se faz contribuindo com o papel de cidadão de uma sociedade coletiva vale a pena. Reciclar, respeitar, não desperdiçar, doar, enfim há muitas formas de construir ao invés de destruir.

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